Page 37 - Competências Socioemocionais - E-book
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A educação estende-se então para as necessidades de adaptação constante aos novos perfis que se

    afiguram, ela cria condições de crescimento e desenvolvimento, bem como o despertar de consciências a quem

    frequenta essa formação, a educação no sentido de se formar, o educar permanentemente (SILVESTRE, 2003,

    p. 72).

          Desta valia, a BNCC prevê que os estudantes desenvolvam competências e habilidades, suficientes para

    articular conhecimentos simultâneos a dimensões socioemocionais, de maneira a significar a aprendizagem

    para sua formação integral (BRASIL, 2019, p. 481). Tal documento norteador deve submeter-se à leitura e a

    novas reescritas de seu conteúdo, para isso ele viabiliza práticas que movimentam culturas e estimulam

    diferentes problemáticas relacionadas aos processos educacionais (MUNHOZ; OLEGÁRIO, 2019, p. 40). Destaque-


    -se a importância de ter na educação os quatro pilares definidos, conforme palavras de Delors (1997, p. 77-

    78): "aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos, aprender a ser".

         Os sentidos, interpretações e direções a serem tomadas, pós análise do documento, certamente serão

    diversos, no entanto o esforço do professor não voltar-se-á aos processos de decodificação, mas sim de

    reinvenção, para então criar e planejar novos sentidos aos escritos (MUNHOZ; OLEGÁRIO, 2019, p. 40).

           Na tentativa de alinhar o sistema de qualidade da "máquina" educacional de formação humana, a versão

    homologada da BNCC tenta cumprir o objetivo maior de estabelecer uma Base para toda a Educação Básica

    brasileira, e atuar como peça para o bom funcionamento do sistema.

           Assim, a proposta de um currículo escolar de dimensão nacional se cruza com a evolução e a importância

    da educação escolar, que conforme Cury, Reis e Zanardi (2018, p. 17-18): "entendida como direito do cidadão e

    dever do Estado. Uma primeira relação pode ser estabelecida entre um currículo nacional e o conceito de


    cidadania".

          Depreende-se, na BNCC, o surgimento de um termo clássico no campo do currículo que pretende dar

    conta de que os currículos formais não esgotam as possibilidades do que acontece nas escolas. Desta forma,

    Macedo (2018, p. 29) expõe que: "Currículo em ação, é um conceito que só faz sentido com o seu duplo, o

    currículo  escrito  ou  formal,  neste  caso,  a  BNCC.  A  BNCC  seria,  assim,  currículo,  mas  não  esgotaria  as

    possibilidades de ser do currículo".

           Assim, após esse breve "pincelar" sobre a diversidade de significados que se pode depreender do termo

    currículo,  pode-se  configurá-lo  como  movimento,  uma  ação  que  compõem  a  diversidade  de  estruturas  e

    culturas e, para além do conteúdo, busca uma formação integral com equidade. Desta maneira, a ideia de

    complementaridade em relação ao currículo prescrito também perpassa a maioria dos sentidos que ele vai

    assumindo na literatura, dando conta da impossibilidade do currículo "formal", por assim dizer, fazer jus às


    experiências imprevisíveis que ocorrem no dia a dia da sala de aula.
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