Page 135 - Reino Silencioso_O Mistério dos Corais Desaparecidos
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Capítulo 13 – O Coração do Recife

           Dias após o pacto silencioso com o mar, o Instituto Boreal recebeu uma men-
    sagem inesperada. O Centro de Monitoramento de Ecossistemas da costa leste havia
    detectado um fenômeno intrigante: uma área no recife central estava apresentando
    um crescimento coralino acelerado — fora de qualquer padrão natural conhecido.


           Helena leu o relatório técnico em silêncio, os olhos fixos na imagem térmica
    que destacava uma região viva, pulsante, como se o recife tivesse encontrado um
    novo coração. — “Estão chamando de ‘renascimento natural’. Mas eu chamaria de

    resposta...” disse, quase num sussurro.

           Lívia, tomada pela curiosidade, mergulhou nos dados como quem decifra

    uma carta antiga. Os mapas, gráficos e imagens convergiam para um ponto exato —
    o mesmo em que haviam deixado a cápsula da promessa. O mesmo onde haviam
    escutado as vozes do fundo do mar.


           Ela tocou levemente no mapa, como quem relembra um segredo comparti-
    lhado: — “Pode ser coincidência… ou pode ser o mar dizendo que ouviu.”


           Lá fora, o vento soprava suave, carregando o perfume salgado das águas e a
    sensação de que algo maior estava em curso — algo que não cabia apenas na ciência,
    mas na linguagem ancestral entre a vida e o oceano.





           A nova expedição partiu antes do amanhecer. O mar, sereno como um espe-
    lho, refletia o céu em tons de violeta e dourado. A bordo, reinava um silêncio respei-
    toso — não de medo, mas de quem sabe que está prestes a testemunhar algo sagrado.
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