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Teatro Dom Luiz Filipe ou Teatro da Luz


                               Teatro Dom Luiz Filipe ou Teatro da Luz (1903)






































                     O "Theatro  do Principe Real D.  Luiz Filippe de Bragança”,  parte integrante do, então, “Real Collegio
               Militar”, foi inaugurado mo Largo da Luz em 2 de Março de 1903, por ocasião das comemorações do primeiro
               centenário deste Colégio, e com a presença do Rei D. Carlos I.

                     Em 1814,  quando o “Real Colégio Militar” se transferiu da Feitoria (Oeiras) para o “Hospital  Real de
               Nossa Senhora dos  Prazeres”, situado num dos topos da  Alameda da Luz, havia um outro edifício  que se
               destacava do lado poente no qual era ainda visível a ruína que o terramoto de 1755 lhe causara. Do lado sul
               estavam os restos do que fora o imponente santuário de Nossa Senhora da Luz. Seguia-se-lhe para norte o
               extenso  piso  térreo de um edifício conventual, decapitado  dos seus dois andares superiores pelo abalo
               sísmico que destruíra Lisboa. Conta-se que, no lugar desse santuário, teria aparecido a um homem que fora
               cativo dos árabes quando da falhada conquista de Tanger em 1437, uma imagem rodeada de "luz" igual à
               que, no cárcere africano, lhe valera às suas súplicas de liberdade.

                     Nasceu assim uma espontânea devoção popular pela santa e  pelo local, a  quem deram o nome de
               "Luz". Seguiu-se-lhe a construção de uma ermida que foi benzida em 1464, sendo por D. João III confiada aos
               cuidados de freires de Cristo que, até disporem de um convento que se iria construir, ficaram acomodados
               numa pequena e humilde casa local. Tal convento só veio a concretizar-se anos mais tarde e, apesar de já
               dispor  em 1599  de  algumas condições de habitabilidade, as  obras de  edificação prosseguiram nos anos
               imediatos. O santuário definitivo (de que hoje só existe o que foi a capela-mor) mandou-o construir às suas
               expensas a infanta D. Maria (filha do terceiro casamento de D. Manuel e irmã de D. João III), para servir a sua
               jazida eterna.

                     Com a secularização das  ordens militares em 1789, retiraram-se do  “Convento da Luz”  os poucos
               freires que ainda ali residiam depois do terramoto. E o que restava do convento foi ficando ao abandono até
               1851, quando aí (e no hospital) foi instalado o “Depósito Geral de Cavalaria”, quatro anos mais tarde mudado
               para Belém.


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