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Roberto DaMatta por ele mesmo













                         Meu nome completo é Roberto Augusto da Matta e tive muito

                  encabulamento com essa marca de família porque na escola eu

                  sempre virava o “roberto mata”  e todo mundo queria saber quem

                  eram as vítimas. Tímido e calado, reprimido por autoprojeto de
                  perfeição e santidade, cheguei até mesmo a pensar em ser padre.

                  Esse plano durou até nossa saída de Juiz de Fora para São João

                  Nepomuceno, onde conheci o esporte, os bailes da primavera, os

                  amigos do peito e as primeiras namoradas. Nasci, porém, em Niterói,
                  em 1936, onde moro até hoje, pensando que Niterói é uma cidade

                  especial que confere a alguns dos seus moradores esse mistério de

                  uma associação periférica com o Rio de Janeiro dos grandes

                  acontecimentos, mas que situa a  todos numa espécie de meia-
                  distância crítica de tudo. Essa é uma posição antropológica por

                  excelência que, suponho, seja  também a marca de outros

                  niteroienses sensíveis, gente como  Sergio Mendes e  Walter Lima Jr...

                  Em Niterói enterrei meu coração e o renovei quando conheci minha
                  mulher, Celeste, numa tarde bonita de vestibular num pátio

                  sombreado da, então, Faculdade Fluminense de Filosofia, onde

                  ambos cursamos um bacharelato de História. Em Niterói também fiz

                  minha casa, nasceram meus filhos e foi onde me descobri professor-

                  pesquisador. É desta base que saio  todos os anos para lecionar em
                  outros centros do Brasil e do exterior.

                         Minhas primeiras aspirações intelectuais foram na área das artes.

                  Queria ser pintor e desenhista; depois, escritor. Aprendendo
                  seriamente as Ciências Sociais, descobri que seria possível conciliar o

                  desejo de inventar com o comentário realístico e inteligente das
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