Page 103 - O Que Faz o Brasil Brasil
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prática que fala com o idioma da economia e da política pelo

                  mundo da rua, seria preciso somar a linguagem da casa e da família
                  e, com ela, o idioma dos valores  religiosos que também operam e,

                  por isso, determinam grande parte do comportamento profundo do

                  nosso povo. Tudo isso, diria eu, no sentido de somar um pouco mais a

                  casa, a rua e o outro mundo, aproximando  um  pouco  mais  essas
                  esferas.

                         Junto com isso, que certamente importaria corrigir, seria

                  necessário resgatar como coisa altamente positiva, como patrimônio

                  realmente invejável, toda essa  nossa capacidade de sintetizar,
                  relacionar e conciliar, criando com isso zonas e valores  ligados à

                  alegria, ao futuro e à esperança. Num mundo que cada vez mais se

                  desencanta consigo mesmo e institui  um individualismo sem limites,

                  que reduz os valores coletivos a mero apêndice da felicidade pessoal,

                  a capacidade de ainda deslumbrar-se com a sociedade é algo muito
                  importante, algo positivo. E aqui, sem dúvida, podemos novamente

                  sintetizar, de modo criativo e relacional, o indivíduo com as suas

                  exigências e direitos fundamentais, com a sociedade, com a sua or-

                  dem, seus valores e necessidades.  Talvez a sociedade brasileira seja
                  missionária dessa possibilidade que já se está esgotando  no  mundo

                  ocidental. E por quê? Simplesmente porque conseguimos, até

                  agora, manter nossa fé no indivíduo, com os seus espaços internos e

                  também na sociedade, com as suas leis de complementaridade e
                  reciprocidade.  Descobrimos também que o indivíduo, relações,

                  família  e  partido  político, instituições econômicas e esferas de

                  produção e consumo, tudo pode ter o seu espaço. Se hoje eles estão

                  muito separados entre si, isso não significa a impossibilidade de se

                  juntarem mais no futuro, na síntese positiva que atualmente só
                  realizamos no mundo das festas, sobretudo no carnaval.

                         Seria preciso carnavalizar um pouco mais a sociedade como

                  um todo, introduzindo os valores dessa festa relacional em outras
                  esferas de nossa vida social.  Com isso,  poderíamos finalmente
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