Page 60 - ANAIS ENESF 2018
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Evento Integrado
I Encontro da Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família
Título
A Residência Multiprofissional e os desafios às mudanças nas práticas de saúde
Autores
PRINC APRES CPF Nome Instituição
x 770.600.403-15 Adriana Freitas Diniz Rodrigues Universidade Estadual do Ceará
x 880.764.403-78 Marizângela Lissandra de Oliveira Santiago Universidade Estadual do Ceará
721.638.953-00 Sharmênia de Araújo Soares Nuto Fundação Oswaldo Cruz
436.735.703-15 Maria Rocineide Ferreira da Silva Universidade Estadual do Ceará
342.914.073-00 Lucyla Oliveira Paes Landim Universidade Estadual do Ceará
Resumo
A Residência Multiprofissional em Saúde da Família (RMSF) surgiu com o objetivo de direcionar a formação em saúde para a reorientação
do processo de trabalho, com o desenvolvimento de competências (conhecimento, habilidade e atitude) para a mudança de prática
assistencial. Ela veio romper com o modelo de atenção em saúde tradicional, por meio da Educação Permanente em Saúde,
voltando-se para uma atuação integral, contínua e de qualidade no espaço de atuação da Estratégia Saúde da Família (ESF).
Este trabalho teve como objetivo identificar os desafios encontrados pelos egressos da RMSF para realizar as mudanças no processo
de trabalho em saúde conforme novo modelo de atenção. A pesquisa é de caráter descritivo e exploratório, de natureza qualitativa,
realizada com cirurgiões-dentistas e enfermeiros egressos da RMSF que trabalhavam na ESF, na assistência ou gestão, no município de
Fortaleza-Ceará. A técnica escolhida para a coleta de dados foi a entrevista semiestruturada, e o tratamento dos dados
empíricos foi orientado pela Análise de Conteúdo Temática, proposta por Minayo. O estudo foi submetido ao Comitê de Ética da
Universidade Estadual do Ceará, obtendo aprovação sob parecer nº 1.476.367. Os resultados evidenciaram que a Residência fomentou a
modificação do processo de trabalho, com melhoria do acolhimento, vínculo, empoderamento do usuário e respeito à equidade. No
entanto, houve resistência a uma prática com abordagem integral e dialógica por alguns profissionais cujas práticas estavam permeadas
pelo modelo hegemônico tradicional, curativista e fragmentado. Também foram encontradas dificuldades para realizar o trabalho em
equipe multiprofissional; desmotivação e conflitos na equipe pela diferença de formação e atuação de egressos e não egressos;
dificuldades de alguns profissionais saírem da sua zona de conforto; modelo de gestão verticalizado, com desmotivação dos
profissionais devido ao atendimento com demanda espontânea, padronização da agenda das equipes e suspensão de atividades
extraclínicas; falta de diálogo entre as instituições promotoras da RMSF e os trabalhadores da ESF; vínculo empregatício fragilizado, com
perda de parte dos profissionais egressos para outros serviços. Conclui-se que a RMSF provocou mudanças no modo de agir de
profissionais de saúde, por onde passou. Porém, mobilizar a equipe, desencadeando a percepção, desenvolvimento e articulação de
conhecimento, habilidade e atitude, apresenta-se como um desfio posto aos egressos.