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52 | Filosofia como Remédio para a Solidão
a incidência destas falhas cerebrais no processo de
identificação, na capacidade de resistir as frustrações
frente aos fracassos pessoais ou da influência do meio
ambiente na vida mental do indivíduo. Sem dúvida,
trata-se de uma questão complexa que exige um apro-
fundamento científico e, ao mesmo, uma cautela para
não se correr o risco de biologizar um estado que, com
efeito, apresenta outras variáveis em sua etiologia. O
que se observa de fato é que determinadas pessoas de-
senvolvem melhor do que outras estratégias de enfren-
tamento ao seu problema depressivo. Isto demonstra
que o ser humano não está necessariamente subordi-
nado a qualquer tipo de determinismo.
A depressão reativa se caracteriza por ser um es-
tado emocional que surge em razão de algo que real-
mente aconteceu, uma espécie de reação a uma fonte
exógena que pode estar relacionada àquela forma de
reação. Em regra, as pessoas apresentam uma depres-
são reativa quando, durante uma determinada fase de
suas vidas, experienciam um fato traumático, com uma
somatória de efeitos estressantes, sem que se possa
atribuir a uma tonalidade emocional depressiva de
base. Aqui a reação depressiva se apresenta como uma
resposta afetiva a uma circunstância de vida: crise con-
jugal, perda de emprego, falecimento de ente querido,
divórcio, etc. Trata-se, em regra, de acontecimentos
passageiros que podem ser superados de acordo com a
disponibilidade afetivo-emocional da pessoa.
A depressão existencial, por sua vez, é uma forma
mais sutil de expressão emocional conflitiva, em que
uma crise existencial se manifesta como condição de
impotência, na qual a pessoa se sente perdida, incapaz
de dar rumo à própria vida. É uma experiência de em-
botamento afetivo, na qual a pessoa se apresenta triste