Page 53 - LIVRO - FILOSOFIA COMO REMÉDIO PARA A SOLIDÃO - PUBLICAR
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Djason B. Della Cunha | 53
e sem gosto de viver. A melancolia e os estados depri-
midos que se manifestam estão associados às altera-
ções da química cerebral e do psiquismo. Mas, é pre-
ciso ponderar que este “mal-estar”, esta “náusea do vi-
ver” é inerente à condição humana e decorre de uma
série de demandas e questões que a pessoa não está
conseguindo responder a contento.
O atual ritmo de vida da sociedade contemporânea
nos dá a impressão de vivermos um mundo sem limi-
tes, onde tudo é possível e que cada pessoa pode deci-
dir a sua vida e o seu ambiente a partir de seus próprios
desejos. Esta visão de magnificência da realidade im-
põe uma sensação de onipotência aos desejos do su-
jeito, mas, por outro lado, aumenta o risco de provocar
uma paralisia dos desejos ante a crença de tal onipo-
tência.
A sociedade de consumo tende a criar no sujeito
uma ideia falsa de realização, desvirtuando o sentido
da felicidade que passa agora a ser buscada na quanti-
dade de objetos possuídos, imediatizada pela ótica in-
cessante de bem-estar. A sociedade de consumo, por-
tanto, tende, assim, a desenvolver um ambiente de per-
manente euforia que leva a criar novas demandas co-
merciais e embotar a capacidade dos sujeitos de esta-
belecer vínculos duradouros com pessoas.
A esse respeito, comenta Tony Antrella: “Se-
gundo a mentalidade contemporânea vivemos em uma
lógica de impotência. O homem atual tende a apresen-
tar-se como uma vítima da vida, da sociedade e da edu-
cação e condena a si mesmo por não sentir-se capaz de
enfrentá-las. Vive também como um enfermo e confia
totalmente na medicina, a qual deveria encontrar o re-
médio para todos os problemas existenciais, quando na