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58 | Filosofia como Remédio para a Solidão
influenciado pelas paixões exageradas, consideradas
um pathos, uma doença, pelo seu caráter desequili-
brado e irracional de manifestação. Na percepção dos
gregos, especialmente, Platão e Aristóteles, a hybris
esta vinculada ao conceito de Moire, que significa des-
tino. Neste sentido, Aristóteles fala extensamente da
hybris em sua Poética, chegando a declarar a hybris
como um defeito, falha ou pecado, um erro trágico, que
comete o homem por desejar mais do que lhe concedeu
o destino. Esse erro é fortemente castigado pelos deu-
ses que transformam a sorte do homem em desgraça,
por ter praticado em excesso.
Neste sentido, a hybris surge no cenário da vida
humana como insolência ou falta de moderação, infra-
ção imperdoável diante dos deuses, que enseja uma di-
mensão moral de sanção justificada toda vez que o in-
divíduo, acometido pelo excesso, desvirtua-se da me-
sura, da moderação e da sobriedade. Daí a obediência
ao provérbio pan metron, que quer dizer literalmente a
“medida de todas as coisas”, ou seja, “nunca em ex-
cesso” ou “sempre bem”. A intenção é fazer com que
o homem continue sendo consciente do seu lugar no
cosmo e, ao mesmo tempo, reconheça a sua posição
social hierarquicamente determinada, bem como a sua
condição de mortal ante os deuses.
Sócrates, que se utilizava da inscrição do Templo
de Delfos para fundamentar os seus ensinamentos,
pode ser considerado o fundador da moral e, sobre-
tudo, da ética, na medida em que propunha como su-
peração da ignorância o reconhecimento de nossos li-
mites e a aceitação de uma vida destituída de aparên-
cias, pautada no reconhecimento de que a virtude con-
siste na busca do conhecimento e da contemplação.