Page 36 - LIVRO - A VIDA TEM DESSAS COISAS
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NÃO QUERO SER GRANDE (TALVEZ)







                         Não quero ser grande. Já quis ser. Meço apenas um metro e sessenta

                  aproximadamente. Mas não é essa a grandeza de que na verdade quero falar.
                  Comecei a crônica assim na esperança de fazer uma graça. Por favor, ria, pelo


                  menos para agradar o amigo.
                         Não quero ser grande. Já quis ser. É que disseram que os grandes só

                  começam a serem valorizados depois de suas mortes. Deus me livre!

                         Assistia  a  um  programa  de  viagens  transmitido  pelo  Canal  Mais  da

                  GLOBOSAT quando a apresentadora que visitava Portugal indicava esse país

                  como um rico destino para os que tendo dinheiro estivessem na dúvida para

                  onde ir.

                         A  primeira  parte  do  programa  apresentou  o  mito  lusitano  Fernando

                  Pessoa e os lugares onde ele morou ou que falou em seus textos poéticos. Um

                  historiador  especializado  em  Fernando  Pessoa  ciceroneava  a  repórter,  que

                  disse a certa altura ser Fernando Pessoa seu poeta favorito entre todos.

                         Pelo meio da entrevista (que seria seguida de outra, dessa vez ligada ao

                  futebol) disse a repórter: há ainda muitos textos inéditos de Pessoa que está

                  sendo valorizado muito mais agora depois de sua morte, e, acrescentou: como

                  outros  grandes.  Essa  consideração  da  repórter  me  deixou  desestimulado  a

                  querer ser grande.

                         Prefiro ficar com o que diz o Eclesiastes: Mais vale um cão vivo do que

                  um leão morto.
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