Page 143 - ASAS PARA O BRASIL
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Eu  tenho  plena  consciência  que  as  novas  tecnologias  nos  trouxeram
                  progresso e que elas nos fizeram mergulhar no reino do imediato, e que na
                  nossa idade, temos que assimilá-las para gerenciar nossa vida, o que não é
                  uma coisa simples.


                  Eu sempre gostei do Brasil e do Nordeste e se me perguntarem o porquê,
                  eu sempre fico estoico, embaraçado. É a mesma coisa em relação aos meus
                  divórcios. Meu cérebro fica sobrecarregado, eu gaguejo, fico confuso.

                  Minha trajetória social é complexa, audaciosa, tive a sorte de me adaptar
                  ao desenrolar e às circunstâncias da vida em diversos lugares, sem muito
                  sofrimento.


                  Quando falam do Brasil no exterior, se fala mais do Rio de Janeiro, de São
                  Paulo ou de Salvador.

                  Os turistas estão preparados para vibrar mais com os espetáculos do sul do

                  Brasil, como a baia de Guanabara e as cataratas de Iguaçu, do que com as
                  dunas  do  Nordeste.  Os  turistas  em  geral  gostam  desse  sentimento  de
                  liberdade, de alegria de viver e essa mestiçagem do povo brasileiro, que não
                  existe em nenhum outro lugar.

                      Para mim, a alma do Brasil é o Nordeste, que é só uma parcela imensa do
                  território  brasileiro,  é  o  confluente  de  história  e  cultura  e  para  os  que

                  aprendem  a  explorá-lo,  ele  oferece  paisagens  belíssimas  e  praias
                  magníficas que se estendem ao infinito.

                  A  região  pobre  do  Nordeste  não  pode  ser  reduzida  a  uma  suposta
                  marginalização pela gente do Sul, por causa da pobreza e das oligarquias.

                  Os  habitantes  de  São  Paulo  têm  uma  tendência  a  esquecer  de  que  sua
                  cidade foi construída por trabalhadores do Nordeste que são ainda tratados

                  como escravos.

                  Seus  recursos  energéticos  (petróleo,  eólico  e  solar)  são  fatores  de
                  desenvolvimento  importantes  para  a  região  que  tem  uma  população  de
                  mais de 54 milhões de habitantes.


                  A  discriminação  do  provincialismo  existe  também  entre  regiões  e
                  principalmente com as cidades do sul.

                  Devido  às  dimensões  do  país,  cada  região  possui  uma  tradição  e  uma
                  cultura musical própria.
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