Page 148 - ASAS PARA O BRASIL
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Um ano, Érika me acompanhou a Paris, durante minha operação da
minha hérnia no Hospital Pompidou.
A readaptação à França seria difícil de suportar, meu país mudou muito, e
a discriminação pela idade que é praticada deliberadamente me irrita.
Não é mais o país que tanto amei.
As formalidades de reinserção na metrópole são muito complicadas se você
não tiver um endereço legal.
Nossos políticos parecem fazer propostas para facilitar a volta ao país;
atualmente mais de 2.5 milhões de franceses vivem no exterior.
Eu ainda sou muito apegado à França, mas meus sentimentos sumiram na
neblina, corroídos pelo tempo que passa inexoravelmente, imparcialmente.
Por outro lado, tivemos que renunciar à vida cultural à francesa quando
fomos morar em Natal; aqui, é mais solidão e deserto intelectual.
O uso da internet se tornou salutar e indispensável.
Não pensamos mais poder viver na França, a não ser por problemas graves
de saúde ou outros imprevistos.
Aqui, não tenho a previdência social na qual contribui durante mais de
sessenta anos. Na França, há serviços sociais que ajudam as pessoas idosas.
Para manter-me ocupado, eu faço o que chamo de “trabalho de
memória”, um recenseamento da história da aviação em Natal, o Brasil
sendo “cabeça de linha” da companhia Aéropostale, e um livro digital sobre
a América do Sul.
(http://aeropostaleameriquesud.com/) e http://aeronauticabrasil.com/pt/apresentacao-site-
ebook-da-historia-aeronautica-no-brasil/
No final das contas, sou um francês do Brasil e o povo brasileiro é cheio de
calor humano e é bem diferente do meu país.
Principalmente em relação à mentalidade, à abertura de espírito, à
tolerância, à gosto pela festa, eles não têm esse egoísmo desvairado que
existe na França.
Brasileiros ao contrário do francês, não diga que muitas vezes o que eles
pensam.
As qualidades e defeitos dos franceses?