Page 74 - Nos_os_bichos
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Assim foi.
Pedro, o porco mais preguiçoso, comprou madeira e palha e ainda alguns materiais de que precisava.
Miguel, o irmão do meio, decidiu que, primeiro, queria planear muito bem como fazer a sua casa e só
depois compraria os materiais necessários.
Lourenço, o irmão mais velho, que era o porco mais inteligente da família e que tinha estudado e tirado
um curso, decidiu pagar a um arquiteto, tal como o seu irmão Miguel fizera, para lhe construir a sua casa. Depois,
definiu o que queria, isto é, como queria a casa e com que materiais a pretendia fazer. Foi um processo longo,
porque era uma “nova vida” que iriam construir sozinhos ou acompanhados, como quisessem.
Depois disto tudo, lá começaram a construir as casas.
Cada um escolheu o sítio onde queria a sua casa.
Nisto, um lobo chamado André andava a espiar os três irmãos, e ficou, de longe, a analisar a situação e,
quem sabe, a preparar-se para um ataque…
As casas começaram a ser construídas e os porcos estavam muito felizes por saberem que, alguns
meses depois, iriam sair de casa dos pais e iriam ter a própria propriedade, a sua residência, a sua casa.
Entretanto, passaram-se quatro meses. O Pedro foi quem ficou menos tempo em casa dos pais. Pegou
nas suas coisas e nas suas poupanças e foi para a sua casa nova. Miguel, três meses depois do seu irmão
Pedro, saiu também de casa dos pais com aquilo que era dele e foi também para a sua casa nova. Lourenço foi
o que demorou mais tempo: só saiu de casa um ano e três meses depois de Pedro e um ano depois do Miguel.
E foram vivendo tranquilamente, até que o lobo, que era mau e não tinha dinheiro, começou a assaltar
os irmãos e a roubar-lhes tudo. Começou pelo Pedro que, como era preguiçoso, não fez nada. Assaltou Miguel
e roubou pouca coisa, porque este o impediu de prosseguir. Quando tentou atacar Lourenço, esqueceu-se que
já tinha assaltado os dois irmãos e que Lourenço já o esperava. Lourenço atou-o com uma corda e chamou a
polícia.
André, o lobo, passou o resto da sua vida a ver o sol aos quadradinhos, dentro de quatro grandes
paredes.
Leonardo Fernandes
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