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O CORVO




                               Quando os meus cabelos caírem defronte

                               Do teu desassossego,

                               Meu amante de improviso,

                               Não sou eu,
                               São nenúfares inquietos, porém dançando a valsa dos cisnes

                               Entre todo o desalento.


                               E, quando tuas mãos caírem no meu ventre

                               Inertes
                               Também não sou eu

                               É uma nuvem branca feita de esfinge

                               A acolher todos os amantes infelizes.


                               Mas quando em silêncio, um corvo mais negro que a noite

                               Te vier desenhar um luar em plenitude jamais visto, talvez seja eu,

                               Eu a reclamar tuas mãos entre os meus viçosos seios já sem vida…
                               … Eu a estilhaçar o tempo corajosamente da fome

                               Que te não falei

                               Da sede que te não disse,
                               De tudo o que não vi.


                               Nessa altura, recita-me a “mortalha nupcial”

                               Até que um dia

                               Nossas asas se possam envolver de novo

                               E eu possa regressar.
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