Page 25 - Apresentação do PowerPoint
P. 25
O CORVO
Quando os meus cabelos caírem defronte
Do teu desassossego,
Meu amante de improviso,
Não sou eu,
São nenúfares inquietos, porém dançando a valsa dos cisnes
Entre todo o desalento.
E, quando tuas mãos caírem no meu ventre
Inertes
Também não sou eu
É uma nuvem branca feita de esfinge
A acolher todos os amantes infelizes.
Mas quando em silêncio, um corvo mais negro que a noite
Te vier desenhar um luar em plenitude jamais visto, talvez seja eu,
Eu a reclamar tuas mãos entre os meus viçosos seios já sem vida…
… Eu a estilhaçar o tempo corajosamente da fome
Que te não falei
Da sede que te não disse,
De tudo o que não vi.
Nessa altura, recita-me a “mortalha nupcial”
Até que um dia
Nossas asas se possam envolver de novo
E eu possa regressar.