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NOS CORNOS DA VIDA




                              Não!                                                            Com laços cor de rosa?!
                              Não sou filha de ninguém!                                       Não sei!

                              Contraceno sozinha nos cornos da vida.                          Nada me dói, nada me poderá jamais doer.

                              Sou toda a presença!
                              Sou todas as ausências.                                         Quais insultos, alegrias, ou frustrações…
                                                                                              Eu, não sou filha de ninguém!

                              Contraceno com as disformes sombras                             Criei-me entre as pedras, e os espaços alheios
                              da cidade adormecida                                            E as marionetas,

                              Numa insónia…rebolo-me na ventania.                             No erotismo das palavras…

                              Beijo folhas de árvores caídas, gotas de                        Sou todas as ausências entre as presenças,

                              chuva breves e o olhar de                                       Sou todas as reticências…
                              Mais um mendigo…fulminante quanto                               Nos cornos da vida.

                              ausências.

                              Nada me dói… – somente as palavras                              Sou a insónia do vosso sono, a vossa maldição,
                                                                                              E não volto ao que fui, pois que jamais sei o
                              lançadas como farpas!
                                                                                              que era
                              Eu, que nunca fui filha de ninguém!                             Antes de ser o que sou hoje.

                              Em todas as palavras me procuro,

                              Em quase todas me encontro                                      Contraceno sozinha nos cornos da vida.

                              Minha certidão de nascimento?
                              Um deserto feito de penhascos,… ou

                              escorpiões atormentados,

                              Palavras belas arquitectadas no útero da
                              poesia, … ou prostitutas
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