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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO




                  tema. A perspectiva de que a publicidade é criadora de sonhos utópicos continua na apresentação
                  detalhada de alguns objetos em que esse poder mágico pode acontecer: o chiclete, o adoçante,
                  o guaraná. Os efeitos que provocam no consumidor são: transportar, pela levitação, para esferas
                  cósmicas; fazer surgir do nada; provocar visões. Tal encanto não está nos produtos, mas na relação
                  imaginária que a publicidade fabrica entre a mercadoria e seu consumidor. O consumidor, apesar
                  de não levar os comerciais “ao pé da letra”, compra satisfeito a alucinação. O tema, enfim, perpassa
                  todo o texto, mantendo a coerência.

                •  Coesão: entre outros usos da língua, encontramos no texto: a) simultaneidade temporal entre o que
                  o consumidor imagina e o que a publicidade faz em relação a isso: “Enquanto o consumidor imagina
                  que é um ser racional, dotado de juízo e de bom senso, a publicidade na TV abandona progressivamente
                  essa ilusão”. b) equivalência nas relações entre as palavras imaginar e iludir-se: “o consumidor imagina
                  que é um ser racional” e “a TV abandona essa ilusão”. c) a pergunta retórica “Seria o tal refrigerante
                  uma versão comercial das beberagens do Santo Daime?”, feita com propósito de interessar o leitor,
                  sem esperar obter, portanto, resposta, que, na verdade, já é sabida. d) uso de linguagem contundente,
                  cheia de certeza: “É claro que ninguém há de acreditar. Ninguém leva”. e) uso da gíria “é a maior
                  viagem, bicho”, que revela que o autor conhece a questão do mundo alucinógeno.


                •  Situacionalidade: o texto aborda uma questão do mundo real, do cotidiano das pessoas, expostas
                  aos muitos apelos do consumo de mercadorias. Insere-se no domínio do jornalismo formador
                  de opinião, cujo objetivo é deixar os leitores mais críticos e conscientes frente a determinadas
                  questões da vida. Os leitores previstos são os leitores da revista, identificados como pertencentes,
                  em geral, a uma classe, no mínimo, medianamente letrada e crítica. Essa condição dos possíveis
                  leitores e a própria exigência discursiva da revista levam o texto a ter certo nível de formalidade,
                  fora  da oralidade cotidiana  (coloquial), e  com abordagem do  problema  mais  elaborada,  com
                  seleção vocabular mais especializada e distante do comum.


                •  Intencionalidade: pode ser relacionada ao propósito da comunicação. O texto tem claramente
                  o objetivo de esclarecer e de advertir ao leitor consumidor em relação à cilada dos anúncios
                  publicitários, que atribuem ao produto anunciado poderes mágicos e alucinantes. O autor reforça
                  essa pretensão de advertência quando explicita que, pelo viés alucinógeno, a publicidade deixa
                  de lado sua função cívica, que é “a de informar o comprador para que ele exerça o seu direito
                  de escolha consciente na hora da compra”, prometendo “o transe, a felicidade etérea, irreal e
                  imaterial, que nada tem a ver com as propriedades físicas (ou químicas) do produto”.

                •  Informatividade: o autor não foge de ideias óbvias e utiliza metaforicamente o universo dos
                  alucinógenos para caracterizar como a publicidade apresenta os produtos; a publicidade oferece
                  “o transe, a felicidade etérea, irreal e imaterial”. A novidade maior do texto está em diminuir
                  o poder da publicidade: atenuar o “gozo alucinado” atribuído socialmente à publicidade; e em
                  tirar do foco seus poderes mágicos e encantatórios. O leitor (também consumidor) precisa ser          Revisão: Leandro - Diagramação: Léo  - 14/07/2011
                  informado para fazer escolhas (compras) de forma consciente.

                •  Intertextualidade: no âmbito da intertextualidade ampla, o texto está conforme as regularidades
                  dos textos opinativos. Além disso, todo o conhecimento pressuposto ou implícito faz parte do
                  nosso repertório de saberes, resultantes de nossas experiências anteriores. Por exemplo, o autor

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