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Unidade I
de um ruído. É a transposição na língua humana de gritos e ruídos inarticulados. As onomatopeias são
convencionais e não recriadas espontaneamente pelo falante.
Entre os exemplos, temos novamente um trecho da obra de Guimarães Rosa “Tinha dado o vento,
caíam uns pingos grossos, chuva quente. O vento vuvo: viiv… viiv”. Nesse fragmento, a onomatopeia
consiste na reprodução auditiva do barulho do vento: viiv... viiv.
Há substantivos onomatopaicos: pio, uivo, estalo, ribombo; verbos: tilintar, zumbir; e frases: bem-
te-vi; to fraco.
O onomatopeísmo, então, dá expressividade às palavras que designam fenômenos sonoros, às que
designam vozes de animais, ou atos sonoros produzidos pelas cordas vocais e afins.
Vejamos estes versos de Pedro Dinis que ilustram a segunda situação apontada (designação de vozes
de animais). Quais são as onomatopeias?
Palram pega e papagaio
E cacareja a galinha,
Os ternos pombos arrulham,
Geme a rola inocentinha.
Muge a vaca, berra o touro
Grasna a rã, ruge o leão,
O gato mia, uiva o lobo
Também uiva e ladra o cão.
Relincha o nobre cavalo
Os elefantes dão urros,
A tímida ovelha bala,
Zurrar é próprio dos burros.
Regouga a sagaz raposa,
Brutinho muito matreiro;
Nos ramos cantam as aves;
Revisão: Leandro - Diagramação: Léo - 14/07/2011 O canto seu variar:
Mas pia o mocho agoureiro.
Sabem as aves ligeiras
Fazem gorjeios às vezes,
Às vezes põem-se a chilrar.
O pardal, daninho aos campos,
Não aprendeu a cantar;
Apenas sabe chiar.
54 Como os ratos e as doninhas,