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Capítulo 3
senvolvimento sustentável volta como uma alternativa para esse tipo de
relação. Ribeiro trata do desenvolvimento sustentável como o:
[...] estabelecimento de um campo de negociações, uma tentativa
de encontrar um terreno comum entre ambientalistas, os novos
interlocutores neste cenário, os agentes sociais que são (ou eram)
considerados os maiores degradadores da natureza, os empresá-
rios, sobretudo aqueles vinculados à indústria, motor do modelo
de expansão e crescimento da economia capitalista (RIBEIRO,
1991, p. 84-85).
Ribeiro mostra como o desenvolvimento sustentável “resultou do con-
fronto/aprendizagem mútua entre empresários e ambientalistas” (1991, p.
85), lembrando que, até pouco tempo atrás, a proteção ambiental se res-
tringia a ser defensiva e destinada a contrapor-se à cultura dos negócios e
incentivos a empreendimentos. Com isso, o conceito de desenvolvimento
sustentável se constitui sobre uma cooperação entre esses dois lados que
até então eram opostos, e que hoje um acaba dependendo do outro. O
próprio RIMA da Jurong traz, em seu início, uma fala sobre a importância
de um desenvolvimento sustentável: “a defesa do meio ambiente apresen-
ta-se como princípio orientador e inseparável da atividade econômica na
Constituição Brasileira. Desse modo, atividades tanto da iniciativa púbica
ou privada que violem a proteção ambiental, não serão permitidas” (CTA,
2009, s.p.).
A conservação e o desenvolvimento sustentável estão ligados a conflitos
de interesses presentes em projetos específicos. Dentro de uma compo-
sição de arenas, tais como John Hanning (2009) fala, a arena ambiental,
que coordena o funcionamento do meio ambiente e seus recursos, está
no meio da interação de diversas outras arenas, as quais também consti-
tuem seus próprios conflitos (FERREIRA, 2003). No fim, o sucesso da con-
servação da biodiversidade depende da ação social e política dos atores
responsáveis pelo processo, e mais justamente dos conflitos que surgem.
Cabe ressaltar que algumas das razões para o estaleiro se instalar na re-
gião de Barra do Riacho foram o “apoio político” e a “boa comunicação
com as autoridades ambientais” (CTA, 2009, s.p.). Assim, é possível iden-
tificar que se pensava, desde o início, em unir os dois setores, ambiental
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