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Capítulo 5
Políticas socioambientais e as
comunidades da foz do Rio Doce: antigas
questões regadas com lama
Luiz Otávio Martins Duarte
INTRODUçãO
O presente artigo pretende analisar o histórico das políticas e ações
voltadas à implementação de unidades de conservação na região da foz
do Rio Doce e os conflitos com a população de pescadores de Regência
Augusta (Vila, Areal e Entre Rios) e Povoação em detrimento das ações
dos órgãos ambientais executivos. Além disso, existem os burburinhos
relacionados ao processo de instalação da APA na foz do Rio Doce, como
parte de iniciativas (re)colocadas contra a mineradora Samarco e suas
acionistas Vale e BHP, a exemplo do Termo de Transação e de Ajustamen-
to de Conduta (TTAC) em virtude do rompimento da barragem de rejei-
tos de mineração ocorrido no final de 2015. Este artigo integra e valoriza
os relatos dos moradores da região e tenta, de alguma forma, exprimir
suas insatisfações e angústias diante dos conflitos gerados pela combina-
ção de elementos externos e internos às comunidades atingidas.
A metodologia para elaboração deste artigo contou com levantamento de
dados bibliográficos relacionados à região, às populações de pescadores
e às unidades de conservação. Também foram consultados os processos
relacionados à unidade de conservação (UC) instalada e as propostas sub-
sequentes. Esta pesquisa considerou e converteu os relatos dos moradores
e pescadores da região da oralidade para a escrita a partir dos dados cole-
tados através de entrevistas ocorridas durante as saídas de campo nos anos
de 2016 e 2017. Junto do grupo de projeto integrado de pesquisa e extensão,
foi realizada, por exemplo, a oficina intitulada “Áreas protegidas e grandes
projetos de desenvolvimento no horizonte de vivências das comunidades
locais - Regência Augusta”, que especificamente trabalhou com a dinâmi-
ca de construção coletiva de um “mapa falado” da região. Deu-se, tam-
bém, a participação na pesquisa “Rompimento da barragem do Fundão
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