Page 131 - LIVRO - ENCONTRO DE RIO E MAR_160x230mm
P. 131

Capítulo 5

                    Políticas socioambientais e as
                    comunidades da foz do Rio Doce: antigas

                    questões regadas com lama





                    Luiz Otávio Martins Duarte


                    INTRODUçãO
                       O presente artigo pretende analisar o histórico das políticas e ações
                    voltadas à implementação de unidades de conservação na região da foz
                    do Rio Doce e os conflitos com a população de pescadores de Regência
                    Augusta (Vila, Areal e Entre Rios) e Povoação em detrimento das ações
                    dos órgãos ambientais executivos. Além disso, existem os burburinhos
                    relacionados ao processo de instalação da APA na foz do Rio Doce, como
                    parte de iniciativas (re)colocadas contra a mineradora Samarco e suas
                    acionistas Vale e BHP, a exemplo do Termo de Transação e de Ajustamen-
                    to de Conduta (TTAC) em virtude do rompimento da barragem de rejei-
                    tos de mineração ocorrido no final de 2015. Este artigo integra e valoriza
                    os relatos dos moradores da região e tenta, de alguma forma, exprimir
                    suas insatisfações e angústias diante dos conflitos gerados pela combina-
                    ção de elementos externos e internos às comunidades atingidas.
                    A metodologia para elaboração deste artigo contou com levantamento de
                    dados bibliográficos relacionados à região, às populações de pescadores
                    e às unidades de conservação. Também foram consultados os processos
                    relacionados à unidade de conservação (UC) instalada e as propostas sub-
                    sequentes. Esta pesquisa considerou e converteu os relatos dos moradores
                    e pescadores da região da oralidade para a escrita a partir dos dados cole-
                    tados através de entrevistas ocorridas durante as saídas de campo nos anos
                    de 2016 e 2017. Junto do grupo de projeto integrado de pesquisa e extensão,
                    foi realizada, por exemplo, a oficina intitulada “Áreas protegidas e grandes
                    projetos de desenvolvimento no horizonte de vivências das comunidades
                    locais - Regência Augusta”, que especificamente trabalhou com a dinâmi-
                    ca de construção coletiva de um “mapa falado” da região. Deu-se, tam-
                    bém, a participação na pesquisa “Rompimento da barragem do Fundão




                                                   129
   126   127   128   129   130   131   132   133   134   135   136