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estado do Espírito Santo. Essa seção intitula-se “Pesca Artesanal, Áreas
               Protegidas e Desenvolvimento.

               Assim, no artigo A política pesqueira e as estratégias de desenvolvimento na-
               cional, de Carolina de Oliveira e Silva Cyrino e Aline Trigueiro, é possível
               perceber que a política pesqueira tem sido, ao longo de quase um século,
               voltada para a modernização da atividade pesqueira, com a intenção de
               domesticação e civilização dos malfadados pescadores artesanais, confor-
               me mostra a documentação levantada. Tudo isso compreendido como a
               adoção do telos imaginado do desenvolvimento, que espelha, na prática, a
               opção pelas políticas públicas de subsídio e investimento na pesca indus-
               trial em detrimento da artesanal.
               O artigo Captação dos recursos hídricos para o uso industrial e impactos na pes-
               ca em Barra do Riacho, Aracruz (ES), de Nayara Pinto Santana, vem exem-
               plificar que a título da execução do desenvolvimento industrial na região
               de Aracruz, diversas normas e regulamentos ambientais são implacavel-
               mente desobedecidos. A irregularidade, então, torna-se invisível e, ainda
               mais, simplesmente não fiscalizada nos termos da lei, com a participação
               da própria prefeitura nas obras de um canal de captação dos recursos hí-
               dricos para uso industrial, apesar dos impactos ambientais no rio e nos
               recursos naturais, os quais afetam a pesca artesanal assim como morado-
               res usuários desses mesmos recursos.
               O artigo Projetos de desenvolvimento: o caso da criação de duas unidades de
               conservação em Aracruz (ES),  de  Mariana Pimenta de Alvarenga Prates,
               analisa o processo de criação de duas unidades de conservação no mu-
               nicípio de Aracruz (ES): a Área de Proteção Ambiental (APA) Costa das
               Algas e o Refúgio de Vida Silvestre (REVIS) de Santa Cruz, que durou
               oito anos. A análise evidencia que a criação somente se concretizou por-
               que foi atrelada a outro projeto, a instalação do Estaleiro Jurong Aracruz
               (EJA), buscando discutir como a preservação e o desenvolvimento estão
               fortemente entrelaçados.

               O artigo O ponto antes do porto: a mídia capixaba e a expansão do Portocel na
               Barra do Riacho, de Bernardo Furlaneto Bragato Oakes de Oliveira, mostra
               como a mídia com sua função de (in)formação na sociedade vai ter um pa-
               pel decisivo na construção desse imaginado telos do desenvolvimento. Par-
               tindo da análise do jornal A Gazeta do Espírito Santo, avalia de que modo




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