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esse  veículo  reporta  à  sociedade  informações  sobre  a  instalação  desse
                    empreendimento, que será chamado de Portocel II, evidenciando a cons-
                    trução de modelos discursivos e elementos simbólicos agenciados nessa
                    comunicação a favor do paradigma desenvolvimentista, sendo pouco pro-
                    blematizados os potenciais danos ambientais resultantes de tais projetos.
                    O artigo Políticas socioambientais e as comunidades da foz do rio Doce: antigas
                    questões regadas com lama, de Luiz Otávio Martins Duarte, analisa o histó-
                    rico das políticas e ações voltadas à implementação de unidades de con-
                    servação na região da foz do rio Doce e os conflitos com a população de
                    pescadores de Regência, Areal, Entre Rios e Povoação. Ou seja, evidencia
                    essas iniciativas como parte de iniciativas anteriores de conservação, (re)
                    colocadas, agora, oportunisticamente como parte das compensações da
                    mineradora Samarco e suas acionistas Vale S.A. e BHP Billiton, dentro do
                    Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC) — documen-
                    to elaborado devido à chegada de rejeitos de mineração na foz no final de
                    2015.
                    Um segundo conjunto de artigos enfoca especificamente o desastre am-
                    biental, as suas consequências na região e intitula-se “Repercussões da che-
                    gada da lama na foz do rio Doce”.
                    O artigo “Nós não estamos lidando com lambaris, estamos lidando com tuba-
                    rões”: sobre os efeitos e os desdobramentos institucionais do desastre da minera-
                    ção na foz do Rio Doce, de Flávia Amboss Merçon Leonardo e João Paulo
                    Lyrio Izoton, liga-se ao relatório Rompimento da barragem do Fundão (Sa-
                    marco/Vale/BHP Billiton) e os efeitos do desastre na foz do Rio Doce, distrito de
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                    Regência e Povoação (ES) . O artigo reflete sobre os problemas enfrentados
                    no processo de gestão da crise, a partir da experiência com os atingidos
                    e atingidas nos distritos de Regência e Povoação (ES). Medidas de repa-
                    ração implementadas pela empresa, seus consultores e, posteriormen-
                    te, pela Fundação Renova na foz do rio Doce, como auxílio emergencial,
                    cadastro integrado dos atingidos, perfil do atingido, bem como inúmeras
                    reuniões desgastantes e pouco participativas, são descritas criticamente.


                    1   O relatório resultou da pesquisa “Depois da lama: os atingidos e os impactos na foz do
                    Rio Doce”, que contou com apoio financeiro destinado pelo edital “Mão na massa e pé na
                    lama”, promovido pelo Greenpeace em parceria com o projeto colaborativo Rio de Gente.
                    Houve o apoio do GEPPEDES, no âmbito de suas ações de extensão.




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