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Capítulo 3

                    Projetos de desenvolvimento: o caso da
                    criação de duas unidades de conservação

                    em Aracruz (eS)





                    Mariana Pimenta de Alvarenga Prates


                    INTRODUçãO
                       O presente artigo analisa o processo que culminou com a criação de
                    duas unidades de conservação (UC) no município de Aracruz (ES): a Área
                    de Proteção Ambiental (APA) Costa das Algas e o Refúgio de Vida Silves-
                    tre (REVIS) de Santa Cruz. O contexto da investigação é a localidade de
                    Barra do Riacho, uma comunidade originalmente formada por pescado-
                    res artesanais, hoje cercada por grandes empreendimentos. Entre o início
                    da proposta e a criação das unidades, o processo durou oito anos, de 2002
                    a 2010, e somente se concretizou porque foi atrelado a outro projeto: a ins-
                    talação do Estaleiro Jurong Aracruz (EJA), um grande empreendimento.
                    Desse modo, o objetivo do presente artigo é mostrar como a chegada des-
                    se megaempreendimento foi o impulso necessário para que as duas uni-
                    dades de conservação saíssem do papel. Buscarei discutir, com isso, como
                    a preservação e o desenvolvimento podem estar fortemente entrelaçados.
                    Barra do Riacho é um bairro litorâneo do município de Aracruz (ES) e
                    sua população aproximada, segundo o senso do IBGE de 2010, é de 6.000
                    habitantes, embora os moradores entrevistados tenham dito que a po-
                    pulação já chega a quase 10.000. Atualmente, representa um dos maio-
                    res polos industriais do Espírito Santo, com a presença de algumas das
                    principais empresas do estado, como, por exemplo, Fibria, Evonik Degus-
                    sa, Canexus, Portocel, Imetame, Jurong, Petrobras, Nutripetro e outras de
                    proporções menores. Antes da chegada dessas empresas, a Barra era uma
                    vila pesqueira, e até hoje grande parte da comunidade ainda depende da
                    atividade da pesca. O tipo de pesca praticado é a pesca artesanal e em
                    pequena escala, porém essa prática vem se alterando devido aos impactos
                    gerados pelos empreendimentos ao redor e à presença maciça de grandes
                    embarcações de pesca, que contribuem para a escassez de peixes.




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