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Capítulo 2

                    mente, a questão da água passou a ser um problema, dado que esse tipo
                    de monocultura possui uma demanda grande de água para seu desenvol-
                    vimento, conforme já abordado.
                    A Fibria possui um equivalente de 197 mil hectares de plantios de eucalip-
                    to nos estados do Espírito Santo, Bahia e Minas Gerais. Estes, por sua vez,
                    abastecem o complexo industrial de Aracruz, sendo 99 mil só no estado
                    da Bahia (FIBRIA, 2017). Desta maneira, é plausível idealizar o quanto
                    a proporção desse plantio é significante e expressiva nessa região e nas
                    demais mencionadas, e com a mesma demanda por um contingente sig-
                    nificativo de recursos hídricos.


                    CONSIDERAçÕES FINAIS

                       O presente artigo apresentou o processo de implantação de grandes
                    empreendimentos em Barra do Riacho, no município de Aracruz, e al-
                    guns de seus impactos socioambientais, sobretudo a indústria Aracruz
                    Celulose (atual Fibria). Foi visto que sua presença traz uma série de impli-
                    cações para a comunidade diante da apropriação dos recursos hídricos do
                    local. O objetivo foi visibilizar os problemas que a comunidade de Barra
                    do Riacho vem enfrentando, do ponto de vista socioambiental, bem como
                    reiterar a manipulação que a empresa possui dos recursos hídricos que
                    fluem na região através do controle das comportas que foram construídas
                    com a finalidade de barrar o fluxo de água que desembocaria no rio Ria-
                    cho, afetando a comunidade como um todo, sobretudo a pesca.
                    A razão do trabalho também se deu para mostrar os processos de cons-
                    trução do canal Caboclo Bernardo no ano de 1999, em que ele passou por
                    um desvio de funcionalidade quanto à razão matriz de sua existência: da
                    garantia do abastecimento público ao fornecimento de água para as in-
                    dústrias. Depois que a Fibria tomou responsabilidade pela execução da
                    obra, os recursos hídricos provenientes do rio Doce serviram para o abas-
                    tecimento da terceira fábrica (unidade C).

                    Essa ação mostra como o poder econômico possui força no âmbito de
                    abastecimento de recursos hídricos, contrapondo-se, sobretudo, às de-
                    mandas da comunidade de Barra do Riacho e das pessoas que ali residem
                    e dependem do abastecimento de água tanto quanto a indústria. Destaca-





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