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Capítulo 2

iguarias do mar, como camarão, por exemplo. Mas, depois que a Fibria
passou a interferir na hidrodinâmica do rio Riacho, tudo mudou e trouxe
consigo uma série de problemas que os moradores da região, sobretudo
pescadores, enfrentam diante da situação abordada.
Apesar da pesca ser um dos setores mais atingidos a partir desse evento,
ela não é a única a sofrer impactos, pois com a escassez do peixe muitos
ficaram sem ter o que fazer na região. O trabalho nas indústrias não é tão
acessível para os moradores, principalmente para aqueles que vivem da
pesca. Em muitos casos, os moradores não possuem instrução de ensino
formal para serem inseridos em determinados cargos dentro das empre-
sas, e isso se torna um grande problema social.
Cabe ressaltar que, além das empresas locais, há ainda a questão dos im-
pactos provenientes do vazamento dos rejeitos de mineração da barra-
gem de Fundão — em Mariana (MG), ocorrido em novembro de 2015 —,
na costa do Espírito Santo. Barra do Riacho se enquadra no grupo das
comunidades que foram atingidas e, por conta disso, a pesca se encontra
proibida desde fevereiro de 2016.

Outra problemática existente relatada por um morador do local é em re-
lação à disponibilidade de água potável para o abastecimento da popula-
ção, pois, apesar de Barra do Riacho estar localizada em uma área que é
rica em recursos hídricos naturais, ela passa por grandes dificuldades no
que se refere ao seu abastecimento em boas condições para o consumo
humano. A água que abastece a comunidade é oriunda do córrego Santa
Joana que, durante muitos anos, foi margeado pelo lixo industrial produ-
zido pela Fibria e que, mesmo desativado nos atuais dias, ainda traz um
efeito negativo para a comunidade.

Muitos moradores nos contaram que consomem água mineral, ou seja,
compram-na para o consumo próprio, pois, como a água que é utilizada
para abastecer o local é advinda do córrego Santa Joana, muitos têm re-
ceio de utilizá-la. No entanto, nem todos que residem no local possuem
condições financeiras para arcar com esse custo mensal. Por essa razão,
alguns moradores acabam utilizando a água desse córrego mesmo assim.
Mas, segundo alguns entrevistados, o grande problema é que essa água
pode estar relacionada com o aumento dos casos de câncer na comuni-
dade — trata-se de uma suspeita local —, embora não exista nenhuma

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