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Vidas de Rio e de Mar: Pesca, Desenvolvimentismo e Ambientalização

                       poder não perder o lugar e pescar com eles. Eu era tão pequeno
                       que eu pescava assim, o mestre na frente, eu pescava assim, em
                       cima dum paneiro (risos), eu pescava ali. Eu era pequenininho.
                       [Pescador antigo de Barra do Riacho, em entrevista realizada no
                       dia 20 de fevereiro de 2017].

                       [...] eu pescava... um monte de peixe que desapareceram nessa
                       época agora, agora desapareceu aí a pescada, o roncador, xixarro,
                       alaruja, pescadinha alaruja, peroá... sumiu tudo [...].
                       [Pescador antigo de Barra do Riacho, em entrevista realizada no
                       dia 20 de fevereiro de 2017].

                       [...] muito peixe, minha filha, era comunidade de pescador mes-
                       mo! Que agora não tem mais tanto pescador, né?! Que os filhos de
                       pescadores não exercitam mais a profissão, né. Mas era um lugar
                       de muita fartura, não havia dinheiro, que naquele tempo não ti-
                       nha dinheiro, mas tinha muita fartura de peixe, muito peixe. Meu
                       pai criou toda nossa família e os filhos dele, pescando [...] pesca-
                       dor. Pescava em canoa. Era uma coisa linda essa Barra do Riacho.
                       [Pescador antigo de Barra do Riacho, em entrevista realizada no
                       dia 20 de fevereiro de 2017].

                       [...] quando essa empresa veio aqui, a Celulose Aracruz, eu traba-
                       lhava aí, fazia pesquisa no mar, com Dr. [nome omitido], as vezes
                       vocês até conhecem, né. Ele não tinha lancha e eu trabalhava com
                       ele, né. Fazia pesquisa quase toda semana com ele aí. Ganhava
                       muito dinheiro com isso. Tá? Mas agora, a pescaria tá muito fraca,
                       acabou muitos pescadores, né? E o rio secou, que não era um rio
                       assim, era um rio lindo que nós tínhamos aqui! No mês de abril
                       até o mês de agosto ninguém pescava quase, no mar, só pescando
                       robalo neste rio [...].
                       [Relatos de segundo pescador antigo de Barra do Riacho, em en-
                       trevista realizada no dia 20 de fevereiro de 2017].

               Mesmo cercada por grandes empreendimentos, Barra do Riacho ainda é
               uma vila tradicionalmente pesqueira, onde muitos dos que vivem ali sus-
               tentam suas famílias através da venda e do consumo do peixe e de outras





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