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30 - Patrimonium
Peixe- Seco de Peniche
Uma Tradição com características únicas
Sabendo o quanto primordial é a relação do ser humano com os recursos naturais que o envolve
e o aproveitamento dos mesmos para a sua subsistência, propomos esta análise sobre o
peixe-seco. Mais do que um mero aproveitmento de um recurso abundante, acaba por ser uma
transformação de um bem fortemente perecível, em algo mais duradoro, num processo longo de
apuramento de técnicas e fazeres, que acabou por resultar num processo de apendizagem e
construção de conhecimento hereditário.
A adição de sal ao pescado desencadeia um processo de osmose, transformando o peixe fresco
em peixe-seco. Esta utilização do sal para a conservação dos alimentos permitiu o armazenamento
e a exportação destes produtos para outras regiões. Um modo de conservação que perdurou no
tempo, o que nos permite afirmar com toda a certeza que o peixe-seco constitui irrefutavelmente
um património gastronómico e cultural de Peniche.
Mas se falar em conservação de alimentos, e neste caso específico do pescado, em que o sal
acaba por ser a ignição desse método milenar de salgar para conservar, então falar das conservas
piscícolas onde o pescado é decomposto numa mistura de sal e água (salmoura) acaba por
descrever o aprimorar deste método.