Page 114 - Trabalho do Ir.`. Ap.´. Prof. VALDINEI GARCIA
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Em  Maçonaria  o  termo  “tronco”  é  usado  para  designar  as  contribuições  financeiras  dos
            Obreiros durante os trabalhos de uma Loja e destinadas às obras assistenciais da Oficina.

            O termo “Tronco” é, portanto de origem francesa, já que no idioma francês, a palavra tanto pode
            ser  tomada  como  tronco  (do  corpo  humano,  de  uma  árvore,  etc.),  bem  como  a  “caixa  de
            esmolas”, já que é tradicional nas igrejas francesas a existência, na sua entrada, de uma caixa
            para óbolos (donativos), identificada simplesmente pela palavra “tronc”.

            Nesse sentido é então feito o uso do termo em Maçonaria como uma espécie de sinônimo de
            caixa de esmolas.

            O termo original era mesmo de o “tronco da viúva”, já que por razões existenciais, primárias e
            doutrinárias, simbolicamente a viúva é a Maçonaria e os Maçons os seus filhos (a mãe Terra fica
            viúva do Sol, durante os três meses de inverno), assim o título em Maçonaria seria mais correto
            do  que  o  atual  Tronco  de  Beneficência,  ou  de  Solidariedade,  já  que  ambos  exprimem
            redundância, pois se o mesmo é a caixa de esmolas, evidentemente o seu produto é destinado à
            beneficência, ou às obras de caridade.

            A discrição expressa pelo ato na Maçonaria (R.´.E.´.A.´.A.´.) quando o Hospitaleiro apresenta a
            bolsa segura pelas duas mãos na altura do seu quadril esquerdo e o rosto virado para o lado
            oposto, origina-se do costume praticado na França, principalmente entre os séculos XVI e XVII
            quando permanecia junto à porta da igreja um membro da confraria religiosa, cujo título era
            nominado como “hospitalário”.

            Este,  munido  de  uma  bolsa,  ou  saco  preso  a  tiracolo  da  direita  para  a  esquerda,  oferecia  o
            recipiente aos fiéis que deixavam ao final a prática religiosa semanal. O ato tinha por objetivo
            recolher ajuda para os pobres e necessitados.

            Nessa oportunidade o hospitalário objetivando uma atitude recatada abria e oferecia aos fiéis a
            bolsa, ou saco com as duas mãos pelo lado esquerdo do seu corpo, ao mesmo tempo em que
            dirigia o olhar para o sentido contrário. Essa postura (da discrição, do recato e da sobriedade)
            viria influenciar diretamente o ato praticado posteriormente nas Lojas Maçônicas pelo ofício do
            Hospitaleiro.

            Alguns respeitáveis historiadores atribuem o costume do “tronco” como haurido das antigas
            “Guildas”    que, em parte podem ser consideradas como precursoras da Maçonaria, sobretudo
            com as suas normas de socorro mútuo, fraternidade e solidariedade. Nas Guildas praticava-se o
            costume de se reunirem num recipiente as contribuições destinadas às viúvas e aos órfãos.

            “Guildas”  associação  que  agrupava,  em  certos  países  da  Europa  durante  a  Idade  Média,
            indivíduos  com  interesses  comuns  (negociantes,  artesãos,  artistas)  e  visava  proporcionar
            assistência e proteção aos seus membros


            Na  Maçonaria  o  Tronco  destinado  à  solidariedade  é  indubitavelmente  a  expressão  lata  e  o
            símbolo de como se deve praticar solidariedade de modo sigiloso e sem ostentação.







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