Page 94 - Trabalho do Ir.`. Ap.´. Prof. VALDINEI GARCIA
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Concluindo esta pesquisa, a bem da brevidade e não porque o tema se tenha esgotado,
proponho a questão:
Os templos sumérios adotaram o branco e o negro para seu piso sagrado. JOSÉ CASTELLANI
afirma que o fizeram para “simbolizar os opostos: o dia e a noite, o bem e o mal, a virtude e o
vício, o espírito e a matéria”, o que parece muito lógico hoje, quando essas duas cores são
imediatamente associadas a tal antonímia. Ouso propor outra explicação: talvez os sacerdotes e
arquitetos sumérios as tenham escolhido pela raridade, por sua combinação incomum há 25
séculos atrás. Imaginemos o grau de dificuldade em encontrar-se o branco e o negro perfeitos
em pedras naturais, poli-las e combiná-las no interior de um templo. O efeito decorativo deve
ter sido deslumbrante, inacessível aos mortais comuns de 2.500 anos atrás, e um efeito assim
somente poderia ser encontrado no interior de uma obra grandiosa: um templo sumério.
A idéia se sustenta, pois ainda hoje há pigmentos raros. O vermelho carmim natural, por
exemplo, somente é produzido através de um tipo de besouro encontrado apenas nos Andes e
seu preço é estratosférico. O amarelo puro, ainda que sintético, é o corante mais caro dentre
todos. Há apenas 500 anos atrás, o pau-brasil fez a fama de nosso País exatamente pela
raridade do tom de seu pigmento, que tingia as vestes de autoridades eclesiásticas e de nobres
das cortes européias.
Se hoje aceitamos com naturalidade que o branco e o negro simbolizam o bem e o mal, resta
sabermos quando esse conceito foi trazido ao interior do Templo Maçônico, com finalidade
estética e simbólica. Viajemos no tempo.
NICOLA ASLAN sugere o dia 24 de junho de 1717 como data histórica da fundação da
Maçonaria moderna e que a história da própria Inglaterra até essa data deve ser o ponto de
partida para os estudiosos maçônicos. O tempo histórico compreendido entre 1 277 e 1 666, foi
conhecido como Maçonaria Operativa, quase um precursor dos atuais sindicatos. Naqueles
tempos, os operários que exerciam algum ofício do tipo autônomo eram obrigados a aderir às
respectivas Livery Companies. Os talhadores de pedras especializados organizaram a sua, a
Company of Masons, que era uma das 91 associações de classe existentes em Londres e sequer
figurava entre as 12 maiores e mais importantes. Mas ela resistiu.
Em 1666, o grande incêndio de Londres destruiria a sede da Company of Masons e a data
coincide com o fim da Maçonaria Operativa e o início de um período de transição, que vai até o
ano de 1 717.
Qual era o pensamento estético dominante nesse longínquo primórdio da Maçonaria moderna?
Qual era o fermento social e político que formava o contorno dos pensamentos e preocupações
desses precursores maçônicos? Pesquisemos.
Na França, a partir da ação de Richelieu, impôs-se o absolutismo, e o rei passou a ser o próprio
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