Page 98 - Trabalho do Ir.`. Ap.´. Prof. VALDINEI GARCIA
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que é belo”. O artista busca incessantemte encontrar algo que está muito voltado para o seu
            aspecto  visual,  EXTERIOR,  além  do  que  justifique  ou  motive  a  sua  contemplação  ou
            transcendência, fatores esses que estão intrinsecamente ligados ao seu ideal de perfeição. Não
            iremos entrar aqui em assuntos exclusivos do universo dos artistas e do tipo que possam gerar
            discussões, envolvendo, por exemplo, o seu talento ou o seu ego, além de outros.

            O Maçom, ainda que, também não deixe de estar buscando o belo e a perfeição, em função do
            seu  templo  INTERIOR,  certamente  deverá  estar  levando  em  conta  a  um  conjunto  de
            componentes tais como sejam, a sabedoria, a força e a beleza. Estará buscando ainda, e é aqui
            que o sentido da sua busca sofre uma verdadeira virada, na relação com o objetivo do artista, a
            sua transformação, por via do seu trabalho contínuo, do desbaste das arestas de si mesmo, das
            suas imperfeições, do seu ego, para conseguir assim, uma pretendida beleza INTERIOR.

            Mas, seria possível conjeturar sobre até quando, nós Maçons, deveremos olhar para a Pedra
            Bruta, a mesma aquela que nos foi apresentada em nosso primeiro dia, e que vai permanecer ali
            no  interior  do  Templo,  com  vistas  ao  trabalho?  Enquanto  frequentemos  o  Templo,  e
            independente da sua função própria de servir de lição primeira ao trabalho dos que estarão
            sendo iniciados deverão desempenhar, ela seguirá lá também para lembrar-nos sempre dessa
            missão bastante árdua do Maçom, que é a missão do profano que foi iniciado, e que desejou
            ardentemente passar pela sua própria transformação, sua reforma e sua recriação.

            Para  que  não  esqueçamos  o  quanto  é  importante,  estarmos  vigilantes  e  dispostos  para
            dispensar o cuidado contínuo para com a nossa Pedra Bruta, é que também ela vai estar lá, pois,
            sendo assim, não estaremos incorrendo no erro fácil de, com a passagem do tempo, acharmos
            que estamos tão purificados e isentos de qualquer tipo de desbastes, a ponto de “humanos que
            somos”, começarmos a preocupar-nos somente com o desbaste das pedras alheias.

            E  aqui  cito  o  Irmão  Raymundo  D‟Elia  Junior,  quando  pede  que  reflitamos  sobre  o  seguinte:
             ”Que espécie de pedra se é? – Pedra de Estorvo, de Tropeço ou Pedra Angular, da construção
            de um santificado Templo Interior?”

            Não  se  pode  descuidar  jamais,  do  processo  esse  de  conhecer-se,  enfrentar-se  a  si  próprio  e
            estar  disposto  a  vencer  as  imperfeições,  até  por  que,  isso  pode  ser  um  exaustivo  e  eterno
            aprendizado. Não é uma questão de puro perfeccionismo, aliás, acho que não estaria totalmente
            errado em afirmar que essa é uma tendência exagerada para o que se pretende realizar, e pode
            ser uma espécie de obsessão.

            A metáfora antes utilizada, entendo também que, serve para assimilarmos melhor o seguinte: o
            artista, o escultor, pode antever quando olha para aquele bloco inerte a sua obra futura, a forma
            final,  e  mesmo  que  esteja  sendo  rondado  durante  a  sua  feitura  pelo  fantasma  do
            perfeccionismo, terá que um dia declará-la acabada. O espírito perfeccionista, que já nasce com
            ele, causa-lhe uma grande inquietação, sofrimento e angústia. E isso, é uma regra quase geral no
            mundo artístico.

            O Maçom, não é e nem pode ser um perfeccionista neste mesmo sentido, o Maçom irá adquirir
            sim, com seu trabalho e estudo um outro ideal de perfeição, e a consciência formada de que
            esse será um trabalho a longo prazo que nuca será terminado. Será que o Maçom, por mais que
            apare as suas arestas, poderá um dia dar a sua obra como acabada?





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