Page 99 - Trabalho do Ir.`. Ap.´. Prof. VALDINEI GARCIA
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Se para o pintor e escultor Michelangelo, ele já podia  visualizar na pedra a sua obra pronta,
            transformada em escultura, para nós, quando da nossa Iniciação nada enxergávamos além da
            pedra, a pedra bruta, pois, a nossa evolução, a nossa absorção, o nosso comprometimento, a
            nossa vontade e a nossa constância em desbastarmos aquela pedra ocorre num crescendo com
            o tempo.

            A  dinâmica  entre  a  permanência  e  a  mudança,  é  que  vai  fazer  com  que  sejamos  maçons na
            verdadeira acepção da palavra. E se somos seres humanos e estamos sempre em construção,
            até onde podemos aceitar a ideia de que para o trabalho realizado sobre a pedra bruta também
            haverá  um  produto  final,  a  pedra  polida?  Em  que  altura  do  caminho,  seres  imperfeitos  que
            somos, poderemos perceber a  nossa “escultura” pronta? Quando esse  momento chegar, e se
            chegar, somente aí, estaremos conscientes de que verdadeiramente a nossa grande e principal
            batalha rumo à evolução foi vencida. E a nossa consciência mais profunda sempre diz que falta
            muito  para  atingir  este  estágio...  Mas,  o  estudioso  e  Mestre  Aldo  Lavagnini,  vê  e  consegue
            proporcionar-nos  outro  ângulo  dessa  possibilidade,  e  bem  mais  otimista  eu  diria:  “Existe
            dentro de cada pedra, ou seja, na matéria-prima da vida e de cada vida individual, um estado de
            perfeição inerente, que se acha latente em toda forma e em toda expressão, que é necessário
            conhecer, educar e tornar patente por meio de trabalho que simboliza da pedra.”





            AS ORIGENS




















            Ao  contrário  de  algumas  simbologias  pertencentes  aos  hebreus  e  aos  egípcios,  algumas
            envolvendo até citações bíblicas, portanto, em tempos bastante remotos, as pedras cortadas ou
            lavradas  nem  sempre  foram  interpretadas  positivamente,  pois,  alguns  dos  seus  significados
            estavam  relacionados  ao  mal  e  à  falsidade.  No  entanto,  conforme  Mackey,  e  recopilado  por
            Aslan  em  sua  enciclopédia,  a  Maçonaria  não  herdou  nessa  questão  nada  dessa  simbologia
            hebraica ou egípcia, já que sobre a Pedra Bruta em particular, a herança maçônica vem mesmo
            das ideias arquiteturais dos Maçons operativos. Considerando as ramificações no passado,
            no máximo, a Pedra Bruta está ligada, ao fato da condição má e corrupta do homem, enquanto
            que a Pedra Polida ou Talhada funciona como símbolo de sua natureza melhorável e perfectível.

            Não se sabe com certeza, o momento exato, em que este símbolo foi introduzido na Maçonaria.
            Evidentemente, todo o trabalho desenvolvido durante o período da Maçonaria Operativa, ou
            seja, a arte de construir repousava sobretudo no preparo e moldagem da pedra bruta, para que



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