Page 95 - Trabalho do Ir.`. Ap.´. Prof. VALDINEI GARCIA
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Estado e a dominar também a Igreja francesa. Daí surgirem vários movimentos sócio-político-
            religiosos, havendo, inclusive, a luta aberta entre católicos e protestantes. As idéias absolutistas
            francesas deram o tom a outras sociedades européias.

            A  Espanha  entrou  em  declínio,  impondo-se  a  Inquisição  e  o  fanatismo  religioso.  Embora
            surgissem  intelectuais  de  altíssimo  nível,  a  criação  artística,  no  seu  todo,  decaiu
            consideravelmente, porque ela pede liberdade para florescer. Sufocada, a literatura autêntica
            foi substituída pela distorção do pensamento, a naturalidade foi substituída pela afetação.


            Portugal,  que  desde  1580  passara  a  depender  politicamente  da  Espanha,  sentiu  na  própria
            carne o absolutismo, o Santo Ofício e a censura. Nem a restauração da Monarquia Portuguesa,
            em  1640,  conseguiu  reerguer  o  país  ao  brilhantismo  do  século  anterior.  A  nação  ficou
            adormecida e ensimesmada, até meados do século XVIII.

            Na Inglaterra, o povo conhecia duzentos anos de guerras civis e religiosas, culminando com o
            mais baixo nível moral de sua história.

            Diante de tais contornos sociais e políticos, o pensamento da época tinha duas características
            básicas: o cultismo e o conceptismo.

            O cultismo é caracterizado pela afetação, pelo preciosismo, que faz da literatura um simples

            jogo. É o artificialismo dos jogos de palavras, com trocadilhos e empregos de termos com duplo
            sentido; dos jogos de  imagens, que transfiguram a  realidade; dos jogos de  construções, com
            abundância de antíteses, principalmente.

            O conceptismo caracteriza-se pelo jogo de conceitos. Os silogismos e as artimanhas da lógica
            substituem a experiência e o sentimento da própria vida. A tudo isso (cultismo e conceptismo)
            é que se dá o nome de Barroco, palavra que também designa o exagero de requintes nas artes,
            notadamente na literatura, arquitetura, escultura e na música.

            Na pintura, ganhava destaque o jogo de luz e sombra, do branco e do negro como símbolos do
            bem e do mal, da virtude e do vício.
























            Tudo isso coincide com o surgimento das Sociedades para a Reforma da Conduta, que leva o



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