Page 96 - Trabalho do Ir.`. Ap.´. Prof. VALDINEI GARCIA
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autor NICOLA ASLAN a indagar-se: “Não teria a Maçonaria realizado a sua metamorfose de
1717 a fim de servir de Sociedade para a Reforma da Conduta das classes superiores?” Mas
eram tempos difíceis, de poder absoluto e conflitos e perseguições religiosas. Como já disse um
crítico, “quando o espírito não pode criar, esmerilha frases.”
O propósito de reforma da conduta, se ocorrido, somente poderia ser demonstrado
veladamente, através de símbolos, alegorias, jogos de palavras, distorção do sentido original
dos vocábulos, que são, ainda hoje, as primeiras características da Maçonaria com que nós, os
aprendizes, nos deparamos com alguma dificuldade. São características barrocas, próprias do
período de formação da Maçonaria Operativa, e que persistem incrustadas nos ritos e
permitem a longevidade da própria instituição. Como uma catedral gótica, a Maçonaria
atravessa os séculos, provocando admiração e suscitando hipóteses.
O Pavimento Mosaico do Templo, simples ornamento de inspiração sumeriana, pode ter,
naquela época barroca, adquirido o valor simbólico de contraste entre o Bem e o Mal, o Vício e a
Virtude, entre Matéria e Espírito, e os maçons aceitos na fase aristocrática que se seguiu,
deveriam caminhar na divisa entre os ladrilhos brancos e negros, na fina argamassa que une os
mosaicos, caminhando na chamada via esotérica, mais fina que o fio da navalha.
Desta forma, dentro do contexto histórico e social do período operativo, que coincide com a
fase barroca do pensamento humano, o branco e o negro podem ter sido o primeiro símbolo da
Maçonaria como Sociedade para a Reforma da Conduta. Assim, aquele caminhar no fio da
navalha que faz o candidato à Iniciação, aqueles passos na via esotérica, convivendo com as
divergências e os opostos, podem abrir uma larga e luminosa estrada ao seu ideal e vislumbrar
o objetivo básico da instituição, que é o alcance da Fraternidade Universal, através da reforma
da conduta, entre outros preceitos.
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