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Katherine se esforçou para abrir os olhos, mas sentiu que estava desmaiando.
                 — Precisamos descobrir para onde ele foi — insistiu o homem.
                 Embora soubesse que não fazia sentido, Katherine sussurrou três palavras em resposta.
                 — A... montanha... sagrada...
                 A diretora Sato passou por cima da porta de aço destruída e desceu uma rampa de madeira até
          o subsolo secreto. Um de seus agentes veio encontrá-la no pé da rampa.
                 — Diretora, acho que a senhora vai querer ver isso.
                 Sato  seguiu  o  agente  por  um  corredor  estreito  até  um  pequeno  cômodo.  O  recinto  iluminado
          estava vazio, exceto por uma pilha de roupas no chão. Ela reconheceu o paletó de tweed e os sapatos
          de Robert Langdon.
                 Seu agente apontou para um grande recipiente parecido com um caixão junto a parede.
                 Mas que diabo é isso?
                 Sato se aproximou do recipiente, notando que era alimentado por uma série de tubos de plástico
          que corriam rente à parede. Com cautela, aproximou-se do tanque. Então viu que havia um pequeno
          painel deslizante na tampa. Estendeu a mão e o afastou para um dos lados, revelando uma janelinha
          transparente.
                 Sato se retraiu.
                 Debaixo do vidro... flutuava o rosto submerso e sem vida do professor Robert Langdon.

                 Luz!
                 O  vazio  sem  fim  em  que  Langdon  pairava  foi  subitamente  preenchido  por  um  sol  ofuscante.
          Raios de intensa luz branca penetraram a escuridão, queimando sua mente.
                 Havia luz por toda parte.
                 De repente, de dentro da nuvem radiante à sua frente, surgiu uma linda silhueta. Um rosto...
          embaçado  e  indistinto...  dois  olhos  que  o  fitavam  do  vazio.  Raios  de  luz  cercavam  aquela  face,  e
          Langdon imaginou se estaria fitando o semblante de Deus.
                 Sato olhava para o tanque e se perguntava se o professor Langdon tinha alguma ideia do que
          havia acontecido. Duvidava muito. Afinal de contas, a desorientação era justamente o objetivo daquela
          tecnologia.
                 Os tanques de privação sensorial existiam desde a década de 1950, e ainda eram uma atividade
          popular entre os ricos adeptos da Nova Era. “Flutuar”, como se dizia, proporcionava uma experiência
          transcendental  de  retorno  ao  útero  materno...  uma  espécie  de  auxílio  à  meditação  que  moderava  a
          atividade cerebral por meio da remoção de todos os estímulos sensoriais: luz, som, tato e até mesmo a
          força da gravidade. Nos tanques convencionais, a pessoa ficava boiando dentro de um soro fisiológico
          muito denso que mantinha seu rosto fora d’água de modo que pudesse respirar.
                 Recentemente, contudo, esses tanques tinham evoluído.
                 Perfluorocarbonos oxigenados.
                 A nova tecnologia — conhecida como Ventilação Líquida Total (VLT) — era tão inusitada que
          poucos acreditavam na sua existência.
                 Líquido respirável.
                 A respiração líquida é uma realidade desde 1966, quando Leland C. Clark conseguiu manter vivo
          um camundongo que passou horas submerso dentro de uma solução de perfluorocarbono oxigenado.
          Em  1989,  a tecnologia da  VLT fez  uma  aparição  dramática  no filme O  Segredo  do  Abismo, embora
          poucos  espectadores  tenham  se  dado  conta  de  que  estavam  assistindo  de  fato  a  uma  realidade
          científica.
                 A  Ventilação  Líquida  Total  nasceu  das  tentativas  da  medicina  moderna  de  ajudar  bebês
          prematuros a respirar, levando-os de volta ao meio líquido intrautermo. Depois de nove meses no útero,
          os pulmões humanos já estavam familiarizados com aquele meio. Antigamente, os perfluorocarbonos
          não podiam ser respirados por serem viscosos demais, porém avanços modernos os deixaram quase
          com a mesma consistência da água.
                 A Diretoria de Ciência e Tecnologia da CIA — “os Magos de Langley”, como eram conhecidos na
          comunidade de inteligência — havia trabalhado exaustivamente com os perfluorocarbonos oxigenados
          de modo a desenvolver tecnologias para as forças armadas norte-americanas. Os mergulhadores de
          elite da marinha descobriram que respirar oxigênio líquido no lugar das misturas gasosas habituais —
          como o heliox e o trimix — lhes permitia mergulhar muito mais fundo sem risco de sentir o mal-estar
          causado  pela  pressão.  Da  mesma  forma,  a  NASA  e  a  aeronáutica  haviam  descoberto  que  pilotos
          equipados com um aparato de respiração líquida, em vez do tradicional cilindro de oxigênio, podiam
          suportar forças G muito acima do normal, porque o líquido espalhava a força da gravidade pelos órgãos
          internos de maneira mais uniforme do que o gás.
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