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CAPÍTULO 110


                 A diretora Sato estava sozinha no escritório, esperando a divisão de imagens por satélite da CIA
          processar sua solicitação. Um dos luxos de se trabalhar na área de Washington era a cobertura por
          satélites. Com sorte, talvez um deles estivesse numa posição adequada para tirar fotos da casa naquela
          noite... e poderia ter registrado um carro saindo dali na última meia hora.
                 —  Sinto  muito,  senhora  —  disse  o  técnico  de  satélite.  —  Não  houve  cobertura  nessas
          coordenadas hoje à noite. Quer que eu faça uma solicitação de reposicionamento?
                 — Não, obrigada. Agora é tarde. — Ela desligou.
                 Sato deu um suspiro. Já não sabia mais como poderia descobrir aonde seu alvo tinha ido. Foi
          até o hall, onde seus homens haviam acabado de ensacar o corpo do agente Hartmann e o carregavam
          em direção ao helicóptero. Sato ordenara a Simkins que reunisse seus homens e se preparasse para
          retornar a Langley, mas o agente estava de quatro no chão da sala de estar. Parecia estar passando
          mal.
                 — Você está bem?
                 Ele ergueu os olhos com uma expressão esquisita no rosto.
                 — A senhora viu isto aqui? — Ele apontou para o chão da sala.
                 Sato se aproximou, baixando o olhar para o carpete felpudo. Fez que não com a cabeça, sem
          enxergar nada ali.
                 — Agache-se — disse Simkins. — Dê uma olhada nas fibras do carpete.
                 Ela se agachou. Em um instante, viu do que ele estava falando. As fibras do carpete pareciam
          ter  sido  amassadas...  afundadas  em  duas  linhas  retas,  como  se  as  rodas  de  alguma  coisa  pesada
          tivessem sido empurradas pela sala.
                 — O mais estranho — disse Simkins — é o lugar para onde as marcas vão. — Ele apontou.
                 O olhar de Sato seguiu as tênues linhas paralelas que cruzavam o carpete da sala. O rastro
          parecia sumir debaixo de um quadro que ia do chão até o teto, junto à lareira. Mas que diabo é isso?
                 Simkins se aproximou do quadro e tentou erguê-lo da parede, mas ele não se mexeu.
                 — Está afixado — disse, correndo os dedos pelas bordas. — Espere um pouco. tem alguma
          coisa aqui embaixo... — Seu dedo tocou uma pequena alavanca sob a borda inferior, e ouviu-se um
          dique.
                 Sato deu um passo à frente enquanto Simkins empurrava a moldura e o quadro inteiro rodava
          lentamente sobre o próprio eixo, como uma porta giratória.
                 Ele ergueu a lanterna e iluminou o espaço escuro mais adiante.
                 Sato apertou os olhos. Aqui vamos nós.
                 Ao final de um corredor curto via-se uma pesada porta de metal.
                 As lembranças que haviam ondulado pela escuridão da mente de Langdon tinham surgido e ido
          embora, deixando para trás uma trilha de fagulhas, acompanhada por aquele mesmo sussurro sinistro e
          distante.
                 Verbum significatium... Verbum omnificum... Verbum perdo.
                 O cântico prosseguia como a ladainha de vozes em um hino medieval.
                 Verbum  significatium...  Verbum  omnificum.  As  palavras  então  começaram  a  despencar  pelo
          vácuo, e novas vozes ecoaram por toda a sua volta.
                 Apocalypsis... Franklin... Apocalypsis... Verbum... Apocalypsis...
                 Sem  aviso,  o  lamento  de  um  sino  começou  a  soar  em  algum  lugar  ao  longe.  O  sino  seguiu
          badalando, cada vez mais alto. Passou a repicar com mais urgência, como que torcendo para Langdon
          compreender, instando sua mente a segui-lo.
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