Page 211 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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princípios do conhecimento, do saber e da ciência concluiu Solomon, desligando o projetor sob uma
salva de palmas.
As luzes do auditório se acenderam ao mesmo tempo que dezenas de mãos se levantaram para
fazer perguntas.
Solomon chamou um menino ruivo baixinho no meio da plateia.
— Sr. Solomon — começou o menino, parecendo intrigado. — O senhor disse que nossos pais
fundadores fugiram da opressão religiosa na Europa para criar um país baseado nos princípios do
avanço científico.
— Isso mesmo.
— Mas... eu tinha a impressão de que eles eram muito religiosos e que fundaram os Estados
Unidos como uma nação cristã.
Solomon sorriu.
— Não me entendam mal: nossos pais fundadores eram profundamente religiosos, mas deístas,
ou seja, acreditavam em Deus de forma universal e libertaria. O único ideal religioso que pregavam era
a liberdade religiosa. — Ele retirou o microfone do suporte e avançou até a beira do palanque. — Os
pais fundadores do Estados Unidos tinham a visão de uma sociedade utópica espiritualmente iluminada,
na qual a liberdade de pensamento, a educação das massas e o avanço científico pudessem substituir
as trevas de uma superstição religiosa ultrapassada.
Urna menina loura nos fundos levantou a mau.
— Pois não?
— Senhor — disse ela, suspendendo o celular , pesquisei seu nome na internet, e a Wikipédia o
descreve como um francomaçom importante.
Solomon levantou seu anel maçônico.
— Se você tivesse me perguntado antes, teria economizado a tarifa que pagou para acessar os
dados pelo celular.
Os alunos riram.
— Enfim — continuou a menina, hesitante —, o senhor acabou de falar em “superstição religiosa
ultrapassada”, e me parece que, se existe alguma instituição responsável por disseminar superstições
ultrapassadas... é a Maçonaria.
Solomon não pareceu abalado.
— Ah, é? Como assim?
— Bom, já li muita coisa sobre os maçons e sei que vocês têm vários ritos antigos e estranhos.
Um artigo na internet diz até que acreditam no poder de um antigo saber mágico... capaz de alçar o
homem ao reino dos deuses.
Todos se viraram para a garota e a encararam como se estivesse maluca.
— Na verdade, ela tem razão — disse Solomon.
Os alunos tornaram a se virar para a frente, com os olhos arregalados.
Solomon reprimiu um sorriso e perguntou à menina loura:
— A Wikipédia tem alguma outra pérola sobre esse saber mágico?
Parecendo insegura, ela começou a ler o conteúdo do site:
— “Para assegurar que esse poderoso saber não fosse usado pelos não merecedores, os
primeiros adeptos escreveram seu conhecimento em código... cobrindo essa poderosa verdade com
uma linguagem metafórica de símbolos, mitos e alegorias. Até hoje, esse saber cifrado está por toda
parte... codificado em nossa mitologia, em nossa arte e nos textos ocultos de todos os tempos.
Infelizmente, o homem moderno não possui mais a capacidade de decifrar essa complexa rede de
simbolismo... e a grande verdade se perdeu.”
Solomon aguardou.
— Só isso?
A aluna se remexeu na cadeira.
— Há mais uma coisa, sim.
— Por favor... continue.
Depois de um instante de hesitação, ela pigarreou e retomou a leitura:
— “Segundo a lenda, os sábios que codificaram os Antigos Mistérios muito tempo atrás
deixaram uma espécie de chave... uma senha que poderia ser usada para destrancar os segredos
cifrados. Essa senha mágica, conhecida como verbum significatium, supostamente detém o poder de
dissipar a escuridão e revelar os Antigos Mistérios, possibilitando que sejam compreendidos por toda a
humanidade.”
Solomon deu um sorriso melancólico.