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CAPÍTULO 108

                 A mente de Robert Langdon pairava sobre um abismo sem fim.
                 Nenhuma luz. Nenhum som. Nenhuma sensação.
                 Somente um vazio infinito e silencioso.
                 Suavidade.
                 Ausência de peso.
                 Seu corpo o havia libertado. Nada mais o prendia.
                 O mundo físico deixara de existir. O tempo deixara de existir.
                 Ele  agora  era  pura  consciência...  uma  inteligência  descarnada  suspensa  no  vazio  de  um
          Universo incomensurável.





          CAPÍTULO 109


                 O UH-60 modificado sobrevoou em baixa altitude os extensos telhados de Kalorama Heights,
          rugindo em direção às coordenadas fornecidas pela equipe de apoio. O agente Simkins foi o primeiro a
          ver o Escalade preto estacionado de qualquer maneira no gramado em frente a uma das mansões. O
          portão de entrada estava fechado, e a casa estava escura e silenciosa.
                 Sato deu o sinal para a aterrissagem.
                 A aeronave pousou com grande impacto no gramado, em meio a vários carros... entre eles um
          sedã com uma luz giratória sobre o capô, que pertencia a uma firma de segurança.
                 Simkins  e  sua  equipe  saltaram  do  helicóptero,  sacaram  as  armas  e  subiram  correndo  até  a
          varanda.  Ao  ver  que  a  porta  da  frente  estava  trancada,  Simkins  uniu  as  mãos  em  concha  e  espiou
          através de uma janela. O hall estava escuro, mas ele pôde distinguir o tênue contorno de um corpo
          estendido no chão.
                 — Merda — sussurrou ele. — É Hartmann.
                 Um  de  seus  agentes  apanhou  uma  cadeira  da  varanda  e  a  arremessou  contra  a  janela  de
          sacada. O barulho de vidro se estilhaçando mal se fez ouvir acima do rugido do helicóptero atrás deles.
          Segundos  depois,  estavam  todos  dentro  da  casa.  Simkins  correu  até  o  hall  e  se  ajoelhou  junto  a
          Hartmann para tomar seu pulso. Nada. Havia sangue por toda parte. Então ele viu a chave de fenda
          espetada na garganta do colega.
                 Meu Deus. Simkins se levantou e acenou para os homens darem início a uma busca completa.
                 Os agentes se espalharam pelo térreo, vasculhando com as miras de raio laser a escuridão da
          casa  luxuosa.  Não  encontraram  nada  na  sala  de  estar  nem  no  escritório,  porém  na  sala  de  jantar
          descobriram  uma  agente  de  segurança  estrangulada.  Simkins  estava  perdendo  depressa  as
          esperanças de que Robert Langdon e Katherine Solomon estivessem vivos. Aquele assassino brutal
          obviamente montara uma armadilha para os dois. E, se conseguira matar um agente da CIA e uma
          segurança  armada,  tudo  levava  a  crer  que  um  professor  universitário  e  uma  cientista  não  tinham  a
          menor chance de escapar.
                 Uma vez terminada a revista do térreo, Simkins mandou dois agentes verificarem o andar de
          cima.  Enquanto  isso,  encontrou  na  cozinha  uma  escada  que  conduzia  a  um  subsolo.  Desceu  os
          degraus e, ao chegar lá embaixo, acendeu a luz. O subsolo era espaçoso e impecável, como se quase
          nunca fosse usado.
          Caldeiras, paredes fluas de cimento, algumas caixas. Não há absolutamente nada aqui. Simkins tornou
          a subir para a cozinha bem na hora em que seus homens desciam do andar de cima. Todos sacudiram
          as cabeças.
                 A casa estava deserta.
                 Não havia ninguém ali. Tampouco outros corpos.
                 Simkins chamou Sato pelo rádio para dizer que a casa havia sido revistada e dar a má notícia: o
          sequestrador conseguira fugir.
                 Quando ele chegou ao hall, a diretora estava subindo a escada da frente. Vislumbrou Warren
          Bellamy  atrás  dela,  sozinho  dentro  do  helicóptero  com  a  maleta  de  titânio  a  seus  pés.  O  laptop  da
          diretora do ES dava a ela acesso aos sistemas computacionais da CIA onde quer que estivesse, graças
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