Page 203 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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imediatamente a trabalhar no projeto de uma experiência surpreendentemente simples... e ao mesmo
tempo de uma ousadia assustadora.
Não sabia se aquilo iria funcionar e decidiu só revelar sua ideia a Peter quando o trabalho
estivesse pronto. Depois de quatro meses de pesquisa, Katherine chamou o irmão ao laboratório e lhe
mostrou um equipamento grande sobre rodinhas que tinha escondido em um depósito nos fundos.
— Fui eu que projetei e construí esta máquina — disse ela, apresentando sua invenção a Peter.
— Faz alguma ideia do que seja?
Seu irmão encarou fixamente o estranho aparelho.
— Uma incubadora?
Katherine riu e sacudiu a cabeça, embora fosse um chute razoável. De fato a máquina se
parecia um pouco com as incubadoras para bebês prematuros dos hospitais, mas tinha o tamanho de
um adulto — era uma cápsula de plástico transparente comprida e hermeticamente fechada, parecendo
algum tipo de compartimento futurista para dormir. Estava montada em cima de um grande aparelho
eletrônico.
— Veja se isto aqui ajuda você a adivinhar — disse Katherine, ligando o equipamento em uma
tomada. Um mostrador digital se acendeu e os números começaram a mudar depressa enquanto ela
calibrava cuidadosamente alguns botões.
Quando terminou, o mostrador exibia:
0,0000000000 kg
— Uma balança? — perguntou Peter com ar intrigado.
— Não é uma balança qualquer. — Katherine pegou um pedacinho de papel de uma bancada ali
perto, depositando-o cuidadosamente em cima da cápsula. Os números do mostrador tornaram a
mudar, apresentando uma nova leitura.
0,0008 194325 kg
— Uma microbalança de alta precisão — disse ela. — A resolução chega a alguns microgramas.
Peter ainda parecia intrigado.
— Você construiu uma balança de precisão para... uma pessoa?
— Exatamente. — Ela ergueu a tampa transparente da máquina. — Se eu puser uma pessoa
dentro desta cápsula e fechar a tampa, o indivíduo estará em um sistema totalmente isolado. Nada
entra nem sai. Nenhum gás, líquido ou partícula de poeira. Nada pode escapar: nem as expirações da
pessoa, nem o suor por evaporação, nem fluidos corporais, nada.
Peter passou uma das mãos pela cabeleira prateada, um gesto de nervosismo que a irmã
também fazia.
— Hum... é claro que uma pessoa morreria aí dentro bem depressa.
Ela aquiesceu.
— Em uns seis minutos, dependendo do ritmo respiratório.
Ele se virou para a irmã.
— Não estou entendendo.
Ela sorriu.
— Mas vai entender.
Deixando a máquina para trás, Katherine conduziu Peter até a sala de controle do Cubo e o fez
se sentar diante do telão de plasma. Começou a digitar e acessou uma série de arquivos de vídeo
armazenados nas unidades holográficas. Quando o telão ganhou vida, a imagem à frente deles parecia
um vídeo caseiro.
A câmera se movia ao longo de um modesto quarto de dormir com uma cama desfeita, frascos
de remédios, um respirador artificial e um monitor cardíaco. Peter exibia uma expressão atônita
enquanto a filmagem continuava, revelando por fim, mais ou menos no centro do quarto, a balança de
Katherine.
Os olhos de Peter se arregalaram.
— Mas o que...?
A tampa transparente da cápsula estava aberta e havia um homem muito velho usando uma
máscara de oxigênio deitado lá dentro. Sua mulher, também idosa, e um enfermeiro estavam em pé ao
lado da máquina. O homem respirava com dificuldade e seus olhos estavam fechados.
— Esse homem dentro da cápsula foi meu professor de ciência em Yale — disse Katherine. —
Nós mantivemos contato ao longo dos anos. Ele estava muito doente. Sempre disse que queria doar o