Page 199 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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quadris, imobilizando também seus braços nas laterais do corpo. Por fim, passou uma última correia
          sobre seu esterno, logo acima dos seios.
                 Isso  tudo  levou  poucos  segundos,  e  Katherine  ficou  novamente  imobilizada.  Seus  pulsos  e
          tornozelos passaram a latejar à medida que a circulação ia retornando a seus membros.
                 — Abra a boca — sussurrou o homem, lambendo os próprios lábios tatuados.
                 Katherine cerrou os dentes, enojada.
                 Mal’akh tornou a estender o indicador, passando-o lentamente sobre os lábios de Katherine e
          fazendo sua pele se eriçar. Ela cerrou os dentes com mais força. O homem tatuado deu uma risadinha
          e,  usando  a  outra  mão,  encontrou  um  ponto  de  pressão  em  seu  pescoço  e  apertou.  O  maxilar  de
          Katherine  se  abriu  no mesmo  instante.  Ela  pôde  sentir  o  dedo  dele  penetrar  sua  boca  e tocar-lhe a
          língua. Teve ânsia de vômito e tentou mordê-lo, mas o dedo já havia sumido. Ainda sorrindo, ele ergueu
          o indicador molhado de saliva diante de Katherine. Então fechou os olhos, esfregando mais uma vez a
          saliva dela no círculo de pele nua do topo da cabeça.
                 O homem suspirou e abriu os olhos devagar. Então, com uma calma sinistra, virou-se e saiu dali.
                 No silêncio repentino, Katherine conseguia sentir seu coração batendo. Logo acima dela, uma
          estranha  série  de  lâmpadas  passou  de  um  tom  roxo-avermelhado  para  um  vermelho  fechado,
          iluminando  o  cômodo.  Quando  viu  o  teto,  tudo  o  que  conseguiu  fazer  foi  olhá-lo  fixamente.  Cada
          centímetro estava coberto por desenhos. A impressionante colagem parecia retratar o mapa celestial.
          Estrelas, planetas e constelações se misturavam a símbolos astrológicos, diagramas e fórmulas. Havia
          flechas descrevendo órbitas elípticas, símbolos geométricos indicando ângulos de ascensão e criaturas
          do zodíaco que a espiavam lá de cima. Era como se um cientista louco tivesse sido solto dentro da
          Capela Sistina.
                 Katherine desviou os olhos, mas a parede à sua esquerda não era nada melhor. Uma série de
          velas em castiçais medievais lançava um brilho tremeluzente sobre uma parede escondida por páginas
          de  texto,  fotos  e  desenhos.  Algumas  delas  pareciam  feitas  de  papiro  ou  velino  de  livros  antigos,
          enquanto outras eram claramente de textos mais recentes. Misturados às páginas, havia fotografias,
          desenhos, mapas e esquemas — tudo colado de forma meticulosa. Uma teia de aranha de barbantes
          havia sido afixada com tachinhas por cima do conjunto, interligando todos aqueles elementos em um
          número incontável de possibilidades caóticas.
                 Katherine tornou a desviar os olhos, virando a cabeça na outra direção.
                 Infelizmente, isso lhe ofereceu a visão mais aterradora de todas.
                 Ao lado da mesa de pedra à qual ela estava amarrada havia uma pequena bancada que a fez
          pensar  na mesma  hora  na  mesa  de  instrumentos  de  uma  sala  de  cirurgia.  Sobre  a  bancada estava
          disposta uma série de objetos — entre eles uma seringa, um frasco de líquido escuro... e uma grande
          faca com cabo de osso e uma lâmina de ferro polida até exibir um brilho particularmente intenso.
                 Meu Deus... o que ele planeja fazer comigo?



          CAPÍTULO 105


                 Quando o especialista em segurança de sistemas da CIA Rick Parrish finalmente entrou na sala
          de Nola Kaye, trazia na mão uma única folha de papel.
                 — Por que você demorou tanto? — quis saber Nola. Eu disse para vir imediatamente!
                 —  Desculpe  —  disse  ele,  empurrando  os  óculos  fundo  de  garrafa  mais  para  cima  do  nariz
          comprido. — Estava tentando juntar mais informações para você, mas...
                 — Me mostre o que tem aí e pronto.
                 Parrish estendeu-lhe a folha impressa.
                 — É um documento editado, mas você vai entender o espírito da coisa.
                 Nola correu os olhos pela página, estupefata.
                 — Ainda estou tentando descobrir como um hacker conseguiu acessar isso — disse Parrish —,
          mas parece que um spider delegador invadiu uma das nossas ferramentas de busca...
                 — Esqueça essa história! — disparou Nola, erguendo os olhos da página. — Que diabo a CIA
          está fazendo com um arquivo confidencial sobre pirâmides, portais antigos e symbolons gravados?
                 — Foi por isso que demorei tanto. Estava tentando ver qual arquivo era o alvo da busca, então
          rastreei  a  localização  dele.  —  Parrish  fez  uma  pausa  e  pigarreou.  —  Acabei  descobrindo  que  o
          documento está em uma partição do disco destinada ao... diretor da CIA.
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