Page 197 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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Ela o atingiu como um raio.
O
segredo
se esconde
dentro da Ordem
Eight Franklin Square
Em um lampejo, ele compreendeu.
A mensagem do cume ficou cristalina. Seu significado estava o tempo todo à sua frente. Aquele
texto, assim como a Pirâmide Maçônica em si, era um symbolon — um código dividido em pedaços —,
uma mensagem escrita em várias partes. O significado do cume estava camuflado de forma tão simples
que Langdon mal podia acreditar que ele e Katherine não o tivessem notado.
O mais espantoso, Langdon agora percebia, era que a mensagem do cume de fato revelava
como decifrar a grade de símbolos na base da pirâmide. Era tão simples. Exatamente como Peter
Solomon prometera, o cume de ouro era um poderoso talismã que tinha o poder de criar ordem a partir
do caos.
Langdon começou a esmurrar a tampa e a gritar.
— Eu entendi! Eu entendi!
Acima dele, a pirâmide de pedra foi erguida, sumindo de vista. Em seu lugar, o rosto tatuado
tornou a aparecer, seu semblante assustador emoldurado pela janelinha.
— Eu decifrei a pirâmide! — gritou Langdon. — Me deixe sair daqui!
Quando o homem tatuado falou, Langdon não escutou nada. Seus olhos, no entanto, viram os
lábios articularem duas palavras.
— Me diga.
— Vou dizer! — gritou Langdon, com água quase até os olhos. — Me deixe sair daqui! Vou
explicar tudo!
É tão simples, pensou.
Os lábios do homem tornaram a se mover.
— Me diga agora... ou morra.
Com a água cobrindo o último centímetro do tanque, Langdon inclinou a cabeça para trás de
modo a manter a boca à tona. Quando fez isso, o líquido morno encheu seus olhos, embaçando-lhe a
visão. Arqueando as costas, ele pressionou a boca contra a janelinha de vidro.
Então, com os últimos segundos de ar que lhe restavam, Robert Langdon revelou o segredo de
como decifrar a Pirâmide Maçônica.
Quando terminou de falar, o líquido subiu mais um pouco, cercando seus lábios. Por instinto,
Langdon inspirou uma última vez e fechou a boca com força. Logo em seguida, a água o cobriu por
inteiro, chegando ao alto de sua tumba e se espalhando por baixo do vidro.
Ele conseguiu, percebeu Mal’akh. Langdon descobriu como solucionar a pirâmide. A resposta
era tão simples. Óbvia demais.
Debaixo da janelinha, o rosto submerso de Robert Langdon o encarava com um olhar
desesperado e suplicante.
Mal’akh sacudiu a cabeça para ele e articulou lentamente as palavras:
— Obrigado, professor. Aproveite a vida após a morte.
CAPÍTULO 103
Como nadador aplicado que era, Robert Langdon muitas vezes tinha imaginado como seria
morrer afogado. Sabia agora que estava fadado a experimentar na própria pele. Embora conseguisse
prender a respiração por mais tempo do que a maioria das pessoas, já podia sentir o corpo reagindo à
ausência de ar. O dióxido de carbono se acumulava em seu sangue, trazendo consigo a ânsia instintiva
de inspirar. Não respire! O reflexo ganhava força a cada segundo que passava. Langdon sabia que
estava prestes a chegar ao chamado limite de retenção respiratória — o instante crítico depois do qual
uma pessoa não conseguia mais prender voluntariamente a respiração.
Abra a tampa! O instinto de Langdon era esmurrar o tanque e se debater, mas ele sabia que não
deveria desperdiçar oxigênio valioso. Só lhe restava olhar através do borrão de água acima dele e ter