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—  Professor,  nós  dois  sabemos  que  a  CIA  está  me  esperando  naquela  praça.  Não  tenho  a
          menor  intenção  de  cair  em  uma  armadilha.  Além  do  mais,  não  precisava  do  número.  Só  existe  um
          prédio ali que poderia ser relevante... o Templo de Almas. — Ele fez uma pausa, baixando os olhos
          para Langdon. — A Antiga Ordem Árabe dos Nobres do Santuário Místico.
                 Langdon ficou confuso. Ele conhecia o Templo de Almas, mas havia se esquecido de que ficava
          na  Franklin  Square.  Os  shriners  são...  a  “Ordem”?  O  templo  deles  fica  localizado  em  cima  de  uma
          escadaria secreta? Historicamente falando, aquilo não fazia nenhum sentido, mas, naquele momento,
          Langdon não estava em condições de discutir história.
                 — Sim! — gritou ele. — Deve ser isso! O segredo se esconde dentro da Ordem!
                 — Você conhece o prédio?
                 — Claro! — Langdon ergueu a cabeça latejante de modo a manter as orelhas acima da água
          que subia depressa. — Posso ajudá-lo! Me deixe sair daqui!
                 — Então acredita que pode me dizer qual a relação desse templo com os símbolos na base da
          pirâmide?
                 — Sim! É só me deixar ver os símbolos!
                 — Muito bem, então. Vamos ver o que consegue descobrir.
                 Ande logo! Com o líquido morno subindo à sua volta, Langdon empurrou a tampa, instando o
          homem a abri-la. Por favor! Ande logo! Mas a tampa não se abriu. Em vez disso, a base da pirâmide
          apareceu de repente, pairando sobre a “janelinha.
                 Langdon olhou para cima, em pânico.
                 — Imagino que assim esteja perto o suficiente, não? — O homem segurava a pirâmide com as
          mãos tatuadas. — Pense depressa, professor. Pelas minhas contas, você tem menos de 60 segundos.




          CAPÍTULO 102



                 Robert Langdon ouvira dizer muitas vezes que um animal encurralado era capaz de demonstrar
          uma força inacreditável. No entanto, quando ele empurrou com toda a força a tampa da caixa, nada se
          moveu. À sua volta, o líquido continuava a subir de forma constante. Com no máximo 15 centímetros de
          espaço  para  respirar,  Langdon  havia  erguido  a  cabeça  em  direção  ao  pouco  ar  que  restava.
          Encontrava-se agora cara a cara com a janelinha, seus olhos a poucos centímetros da base da pirâmide
          de pedra, cujas intrigantes inscrições pairavam logo acima.
                 Não tenho ideia do que isso significa.
                 Escondida por mais de um século debaixo de uma mistura endurecida de cera e pó de pedra, a
          última  inscrição  da  Pirâmide  Maçônica  agora  jazia  exposta.  Tratava-se  de  um  quadrado  perfeito
          formando uma grade de símbolos oriundos de todas as tradições imagináveis: alquímica, astrológica,
          heráldica,  angélica, mágica,  numérica,  sigílica,  grega,  latina.  No  conjunto,  aquilo  era  uma  verdadeira
          anarquia  de  símbolos:  uma  sopa  de  letrinhas  cujos  caracteres  provinham  de  dezenas  de  línguas,
          culturas e períodos diferentes.
                 Caos total.

          FIGURA DE QUADRO COM VÁRIOS SÍMBOLOS, MESMO DA PÁGINA 360

                 O simbologista Robert Langdon não conseguia imaginar, nem mesmo em suas interpretações
          acadêmicas  mais  delirantes,  como  aquela  grade  de  símbolos  poderia  ser  decifrada  para  produzir
          qualquer significado. Ordem a partir do caos? Impossível.
                 O líquido agora subia por seu pomo de adão, e Langdon podia sentir a intensidade de seu terror
          aumentar junto com o nível da água. Seguia esmurrando o tanque. A pirâmide o encarava desafiadora.
                 Em desespero, Langdon concentrou toda a sua energia mental naquele tabuleiro de xadrez de
          símbolos.  O  que  eles  podem  significar?  Infelizmente,  a  combinação  parecia  tão  díspar  que  ele  não
          conseguia  imaginar  por  onde  começar.  Esses  símbolos  nem  sequer  pertencem  ao  mesmo  período
          histórico!
                 Do lado de fora do tanque, em uma voz abafada, porém audível, ele pôde escutar Katherine,
          chorosa, implorando ao homem que o libertasse. Por mais que não conseguisse achar uma solução, a
          perspectiva  da  morte  pareceu  motivar  cada  célula  do  seu  corpo  a  encontrá-la.  Sentiu  uma  estranha
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