Page 190 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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Meu Deus! Cadê minhas roupas?
                 No  escuro,  a  névoa  mental  começou  a  se  dissipar  e  Langdon  teve  lampejos  de  memória...
          imagens assustadoras... um agente da CIA morto... o rosto de um monstro tatuado... sua própria cabeça
          golpeando o chão. Os flashes começaram a vir mais depressa... e ele então se lembrou de Katherine
          Solomon amarrada e amordaçada no chão da sala de jantar.
                 Deus do céu!
                 Langdon  se  levantou  com  um  salto  e,  ao  fazê-lo,  sua  testa  bateu  em  algo  suspenso  poucos
          centímetros  acima.  Uma  explosão  de  dor  se  espalhou  por  seu  crânio  e  ele  caiu  para  trás,  quase
          inconsciente. Grogue, estendeu as mãos para o alto, tateando no escuro em busca do obstáculo. O que
          encontrou não fez sentido para ele. Parecia que o teto daquela sala estava a menos de meio metro de
          altura. Mas o que é isto? Quando abriu os braços para os lados tentando rolar o corpo, suas duas mãos
          encontraram paredes.
                 Foi então que a verdade se abateu sobre Langdon. Ele não estava em uma sala.
                 Estou dentro de uma caixa!
                 Na escuridão daquele pequeno espaço parecido com um caixão, Langdon começou a esmurrar
          descontroladamente as paredes, gritando sem parar por socorro, O terror que o dominava foi ficando
          mais intenso a cada segundo, até se tornar intolerável.
                 Fui enterrado vivo.
                 A  tampa  do  estranho  caixão  de  Langdon  se  recusava  a  sair  do  lugar,  mesmo  que  ele
          empurrasse para cima com toda a força dos braços e pernas, em um pânico desvairado. Ao que tudo
          indicava, a caixa era feita de uma grossa fibra de vidro. Lacrada. À prova de som. À prova de luz. À
          prova de fuga.
                 Vou sufocar sozinho dentro desta caixa.
                 Ele  pensou  no  poço  profundo  em  que  havia  caído  quando  menino  e  na  noite  de  terror  que
          passara  batendo  os  pés  na  água,  sozinho  na  escuridão  de  um  abismo  sem  fim.  Esse  trauma  havia
          marcado sua psique, provocando uma fobia incontrolável de lugares fechados.
                 Enterrado vivo naquela noite, Robert Langdon estava vivendo seu maior pesadelo.
                 Katherine Solomon tremia em silêncio no chão da sala de jantar de Mal’akh. O arame afiado em
          volta de seus pulsos e tornozelos já a havia cortado, e seus menores movimentos só pareciam deixá-lo
          ainda mais apertado.
                 O  homem  tatuado  havia  nocauteado  Langdon  com  brutalidade  e  depois  arrastado  seu  corpo
          inerte pelo chão, levando junto a bolsa de couro e a pirâmide de pedra. Katherine nem imaginava para
          onde  eles  teriam  ido.  O  agente  que  os  acompanhava  estava  morto.  Fazia  vários  minutos  que  não
          escutava nenhum som, de modo que se perguntou se o sequestrador e Langdon ainda estariam dentro
          da casa. Ela vinha tentando gritar por socorro, mas, a cada tentativa, o trapo em sua boca escorregava
          perigosamente mais para perto de sua traqueia.
                 Foi então que sentiu passos se aproximarem e virou a cabeça na esperança infundada de que
          alguém estivesse vindo ajudá-los. A imensa silhueta de seu algoz se materializou no corredor. Katherine
          se encolheu ao recordar a imagem daquele mesmo homem na casa de sua família 10 anos antes.
                 Ele destruiu minha família.
                 O  monstro  avançou  em  sua  direção,  se  agachou  e  a  segurou  pela  cintura,  erguendo-a  com
          truculência sobre o ombro, O arame cortou seus pulsos e o trapo abafou seus gritos mudos de dor. Ele
          a carregou pelo corredor rumo à sala de estar onde, mais cedo naquele dia, os dois haviam tomado chá
          juntos. Katherine não viu Langdon em nenhum lugar.
                 Para onde ele está me levando?
                 Ele a carregou pela sala e parou bem em frente ao grande óleo das Três Graças que ela havia
          admirado naquela tarde.
                 —  Você  mencionou  que  gostava  deste  quadro  —  sussurrou  o  homem,  com  os  lábios
          praticamente tocando sua orelha. — Fico feliz. Talvez seja a última coisa bonita que verá.
                 Com essas palavras, estendeu a mão e pressionou a palma no lado direito da imensa moldura.
          Para espanto de Katherine, o quadro se moveu em torno de um eixo central, como uma porta giratória.
          Uma passagem secreta.
                 Katherine tentou se desvencilhar, mas o homem a segurou firme, carregando-a pela abertura
          atrás da tela. Quando as Três Graças tornaram a girar, fechando-se às suas costas, ela pôde ver o
          isolamento acústico na parte de trás da pintura. Quaisquer que fossem os sons que ele fazia ali dentro,
          aparentemente não eram destinados a serem ouvidos pelo mundo exterior.
                 O espaço atrás do quadro estava abarrotado, mais parecendo um corredor do que um cômodo,
          O  homem  a  carregou  até  o  outro  extremo  e  abriu  uma  porta  pesada,  que  conduzia  a  um  pequeno
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