Page 186 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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Ainda era quadrada, e ainda era feita de pedra... mas não era mais lisa e lustrosa. Aquela base estava
coberta por inscrições gravadas. Como é possível? Ele passou vários segundos encarando-a,
imaginando se estaria tendo alucinações. Olhei para esse negócio mais de 10 vezes.., e não havia
inscrição nenhuma!
Langdon então percebeu por quê.
Ele retomou o controle de sua respiração e sorveu profundamente o ar, dando-se conta de que a
Pirâmide Maçônica ainda não havia revelado todos os seus segredos.
Eu testemunhei uma nova transformação. Em um lampejo, Langdon compreendeu o significado
do último pedido de Galloway. Diga a Peter que a Pirâmide Maçônica sempre guardou seu segredo...
deforma sincera. Na ocasião, essas palavras lhe pareceram sem sentido, mas agora Langdon entendia
que o decano Galloway estava enviando uma mensagem codificada para Peter. Por ironia, esse mesmo
código tinha servido para provocar uma reviravolta no enredo de um thriller medíocre que Langdon lera
anos antes.
Sin-cera...
Desde os dias de Michelangelo, os escultores escondiam os defeitos de seus trabalhos usando
cera quente e pó de pedra para tapar eventuais fendas. O método era considerado trapaça e, portanto,
toda escultura “sine cera” — ou seja, sem cera — era chamada de obra de arte “sincera”. A expressão
pegou. Até hoje, usamos “sinceramente” para assinar as cartas, como uma garantia de que nossas
palavras são verdadeiras.
A inscrição naquela base tinha sido escondida usando o mesmo método. Quando Katherine
ferveu a pirâmide, a cera derreteu, revelando uma nova mensagem. Galloway passara as mãos na
pirâmide na sala de estar do Cathedral College e, aparentemente, sentira as marcas na base.
Então, ainda que só por um instante, Langdon esqueceu todo o perigo que ele e Katherine
estavam correndo e encarou o inacreditável conjunto de símbolos na base da pirâmide. Não fazia ideia
do que significavam... ou do que poderiam vir a revelar, mas uma coisa era certa. A Pirâmide Maçônica
ainda tem segredos a contar. Eight Franklin Square não é a resposta final.
Langdon não saberia dizer se foi por causa dessa revelação cheia de adrenalina ou apenas
pelos segundos a mais que passou ali deitado, mas de repente sentiu que recuperava o controle do
corpo.
Dolorosamente, moveu um braço para o lado, afastando a bolsa de couro de modo a poder
enxergar a sala de jantar.
Para seu horror, viu que Katherine tinha sido amarrada e que um trapo enorme estava enfiado
em sua boca. Langdon flexionou os músculos para tentar se ajoelhar, mas logo em seguida congelou,
totalmente incrédulo. O vão da porta da sala de jantar acabara de ser preenchido por uma visão
aterradora — uma forma humana diferente de tudo o que Langdon jamais vira.
Meu Deus do céu, o que é...?!
Langdon rolou o corpo, agitando as pernas numa tentativa de recuar, mas O imenso homem
tatuado o agarrou, virando-o de costas e prendendo seu tronco com as coxas. Apoiou os joelhos sobre
os bíceps de Langdon, imobilizando-o violentamente contra o chão. O peito do homem exibia uma fênix
de duas cabeças encrespada por seus músculos. Seu pescoço, rosto e cabeça raspada estavam
cobertos por um estonteante conjunto de símbolos particularmente intrincados — sigilos, como Langdon
sabia, usados nos rituais de magia negra.
Antes que Langdon conseguisse processar qualquer outra coisa, o homem descomunal segurou
suas orelhas entre as palmas das mãos, ergueu sua cabeça do chão e, com uma força terrível, golpeou-
a contra a madeira.
Tudo ficou preto.
CAPÍTULO 96
Em pé no corredor, Mal’akh olhou para a carnificina à sua volta. Sua casa parecia um campo de
batalha.
Robert Langdon estava deitado inconsciente aos seus pés.
Katherine Solomon estava amarrada e amordaçada no chão da sala de jantar.