Page 185 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
P. 185
Completamente nu a não ser por uma estranha roupa íntima parecida com uma tanga, o imenso
homem aparentemente estivera escondido no hall. Seu corpo musculoso era coberto da cabeça aos pés
por estranhas tatuagens. Enquanto a porta da frente se fechava, ele se lançou pelo corredor atrás de
Langdon.
O agente Hartmann atingiu o chão bem na hora em que a porta da frente se fechou com um
baque. Com uma expressão de surpresa, Langdon começou a se virar, porém o homem tatuado já
estava em cima dele, pressionando algum tipo de aparelho contra suas costas. Houve um clarão
acompanhado de um forte chiado elétrico, e Katherine viu Langdon se retesar. Com os olhos
arregalados e vidrados, ele se precipitou para a frente e desabou no chão, paralisado. Caiu com força
por cima da bolsa de couro, e a pirâmide saiu rolando de dentro dela.
Sem ao menos relancear os olhos para sua vítima, o homem tatuado passou por cima de
Langdon e avançou direto para Katherine. Nesse meio-tempo, ela já engatinhava para trás em direção à
sala de jantar, onde esbarrou numa cadeira. Então a agente de segurança que havia sido sentada ali
oscilou e caiu no chão ao seu lado. A expressão sem vida da mulher era de terror. Um trapo embolado
enchia sua boca.
O homem enorme conseguiu alcançar Katherine antes que ela tivesse tempo de reagir. Ele a
agarrou pelos ombros com uma força inacreditável. Sem o disfarce da maquiagem, seu rosto era uma
visão aterradora. Ele flexionou os músculos, e Katherine sentiu que era virada de bruços como uma
boneca de pano. Um joelho pesado apertou suas costas e, por alguns instantes, ela pensou que fosse
se partir ao meio. Ele agarrou seus braços e os puxou para trás.
Com a cabeça de lado e a bochecha colada ao tapete, Katherine pôde ver Langdon com o corpo
ainda tomado por espasmos e o rosto virado para baixo. Mais adiante, o agente Hartmann jazia imóvel
no chão do hall.
Um metal frio beliscou os pulsos de Katherine e ela percebeu que estava sendo amarrada com
arame. Tentou se desvencilhar, aterrorizada, mas sentiu uma dor lancinante.
— Se tentar se mexer, este arame vai cortar — disse o homem, terminando de prender seus
pulsos e em seguida passando aos tornozelos com assustadora eficiência.
Katherine lhe deu um chute e ele retribuiu com um forte soco na parte de trás de sua coxa
direita, paralisando sua perna. Em poucos segundos, seus tornozelo estavam presos.
— Robert! — ela conseguiu finalmente gritar.
Langdon gemia no chão do corredor. Estava encolhido sobre a bolsa de couro, com a pirâmide
de pedra caída de lado junto à sua cabeça. Katherine percebeu que a pirâmide era sua última
esperança.
— Nós deciframos a pirâmide! — disse ela a seu agressor. — Vou contar tudo para você!
— Vai, sim. — Com essas palavras, ele removeu o trapo da boca da mulher morta e o enfiou
com firmeza na de Katherine.
O pano tinha o gosto da morte.
O corpo de Robert Langdon não lhe pertencia. Ele estava deitado, dormente e imóvel, com a
bochecha pressionada contra o chão de madeira de lei. Tinha ouvido falar o suficiente sobre armas de
choque para saber que elas incapacitavam as vítimas com uma sobrecarga temporária do sistema
nervoso. Seu efeito — algo chamado interrupção eletromuscular — poderia muito bem ser comparado
ao de um relâmpago. A descarga de dor excruciante parecia penetrar cada molécula de seu corpo.
Agora, apesar da determinação de sua mente, seus músculos se recusavam a obedecer ao comando
que ele lhes enviava.
Levante-se, Robert!
Com o rosto virado para baixo, paralisado no chão, Langdon mal conseguia respirar. Ainda não
tinha visto o homem que o atacara, mas conseguia enxergar o agente Hartmann deitado sobre uma
poça de sangue cada vez maior. Langdon escutara Katherine lutar e discutir, mas pouco antes a voz
dela tinha ficado abafada, como se o homem houvesse enfiado alguma coisa em sua boca.
Levante-se, Robert! Você precisa ajudá-la!
As pernas de Langdon passaram a formigar, recuperando a sensibilidade de forma ardida e
dolorosa, mas ainda se recusavam a cooperar. Mexa-se! Seus braços sofriam espasmos à medida que
as sensações começavam a retornar, junto com a sensibilidade da face e do pescoço. Com grande
esforço, conseguiu girar a cabeça, arrastando a bochecha com força pelo chão de madeira enquanto
virava o rosto para olhar em direção à sala de jantar.
Mas algo impedia a visão de Langdon — a pirâmide de pedra, que havia caído da bolsa e jazia
de lado no chão, com a base a poucos centímetros de seu rosto.
Por alguns instantes, ele não compreendeu o que estava vendo, O quadrado de pedra à sua
frente era evidentemente a base da pirâmide, mas parecia de certa forma diferente. Muito diferente.