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Com  essas  palavras,  embalou  a  faca  cuidadosamente  em  um  pano  com  o  restante  de  suas
          coisas — incenso, frascos contendo líquidos, um pedaço de seda branca e outros objetos cerimoniais.
          Então pôs o embrulho dentro da bolsa de couro de Robert Langdon junto com a Pirâmide Maçônica e o
          cume. Katherine observou, impotente, o homem fechar o zíper e se voltar para seu irmão.
                 — Pode carregar isto aqui para mim, Peter? — Ele depositou a pesada bolsa no colo do outro.
                 Em seguida, andou até uma gaveta e começou a vasculhar lá dentro. Katherine pôde ouvir o
          tilintar  de  pequenos  objetos. Quando  voltou,  segurou  seu  braço  direito.  Ela  não  podia  ver  o  que  ele
          estava fazendo, mas Peter, que recomeçou a se debater com violência, aparentemente sim.
                 Katherine  sentiu  uma  picada  súbita  e  dolorida  na  dobra  interna  do  braço  direito,  e  um  calor
          nefasto começou a irradiar dali. Peter emitia sons angustiados, tentando em vão se levantar da pesada
          cadeira de rodas. Katherine sentiu uma dormência fria se espalhar cotovelo abaixo, descendo pelo seu
          antebraço até as pontas dos dedos.
                 Quando  o  homem  se  afastou,  Katherine  viu  por  que  seu  irmão  estava  tão  horrorizado.  Uma
          agulha tinha sido inserida em sua veia, como se ela estivesse doando sangue. Porém, não estava presa
          a  nenhum  tubo.  Em  vez  disso,  o  sangue  escorria  livremente  por  ela... descendo  por  seu  cotovelo  e
          antebraço até a mesa de pedra.
                 —  Uma  ampulheta  humana  —  disse  o  homem,  virando-se  para  Peter.  —  Dentro  em  breve,
          quando  eu  lhe  pedir  que  desempenhe  seu  papel,  quero  que  pense  em  Katherine...  morrendo  aqui,
          sozinha, no escuro.
                 A expressão de Peter era de tormento absoluto.
                 — Ela tem mais ou menos uma hora de vida — disse o homem. — Se você cooperar comigo
          depressa, terei tempo suficiente para salvá-la. Mas é claro que, se oferecer a menor resistência que
          seja... sua irmã não sairá viva daqui.
                 Peter berrava algo ininteligível através da mordaça.
                 — Eu sei, eu sei — disse o homem tatuado, pousando uma das mãos sobre o ombro de Peter —
          ,  isso  é  difícil  para  você.  Mas  não  deveria  ser.  Afinal,  esta  não  é  a  primeira  vez  que  abandona  um
          membro da família. — Ele fez uma pausa curvando-se para sussurrar no ouvido de Peter. Estou me
          referindo ao eu filho, Zachary, no presídio de Soganlik, é claro.
                 Peter forçou as correias que o prendiam, soltando outro grito abafado através do pano que lhe
          servia de mordaça.
                 — Pare com isso! — gritou Katherine.
                 — Eu me lembro bem daquela noite — provocou o homem enquanto terminava de arrumar suas
          coisas. — Eu ouvi tudo. O diretor da prisão ofereceu libertar seu filho, mas você decidiu ensinar uma
          lição a Zachary... e o abandonou lá. Seu menino aprendeu mesmo a lição, não foi? — O homem sorriu.
          — O prejuízo dele... foi meu lucro.
                 O homem apanhou um pedaço de linho e o enfiou bem fundo na boca de Katherine.
                 — A morte — sussurrou-lhe ele — deve ser silenciosa.
                 Peter  se  debatia  furiosamente.  Sem  mais  nenhuma  palavra,  andando  de  costas,  o  homem
          tatuado foi puxando devagar a cadeira de Peter para fora dali, proporcionando-lhe uma derradeira visão
          de sua irmã.
                 Katherine e Peter se entreolharam uma última vez.
                 Então ele se foi.
                 Ela pôde ouvi-los subindo a rampa e atravessando a porta de metal. Quando saíram, escutou o
          homem tatuado trancar a porta atrás de si e seguir adiante através do quadro giratório das Três Graças.
          Poucos minutos depois, ouviu um carro dar a partida.
                 Então o silêncio dominou a mansão.
                 Totalmente sozinha no escuro, Katherine sangrava.
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