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Katherine abriu um sorriso de cumplicidade.
— Sim. A palavra está no plural.
Exatamente! Langdon nunca tinha entendido por que os primeiros trechos da Bíblia se referiam a
Deus como um ser plural. Elohim. O Deus Todo-Poderoso do Gênesis era descrito não como Um... mas
como Muitos.
— Deus é plural — sussurrou Katherine — porque as mentes dos homens são plurais.
Os pensamentos de Langdon estavam a mil... sonhos, lembranças, esperanças, medos,
revelações... tudo rodopiava acima dele no domo da Rotunda. À medida que seus olhos começavam a
se fechar novamente, ele se viu encarando três palavras em latim que faziam parte da Apoteose.
E PLURIBUS UNUM.
De muitos, um só, pensou, pegando no sono.
EPÍLOGO
Robert Langdon acordou devagar.
Rostos o fitavam de cima. Que lugar é este?
Logo em seguida, ele se lembrou de onde estava. Sentou-se lentamente debaixo da Apoteose.
Tinha as costas doloridas de tanto ficar deitado no chão duro da galeria.
Onde está Katherine?
Langdon verificou o relógio do Mickey Mouse. Está quase na hora. Pôs-se de pé, olhando com
cautela por cima do parapeito para o espaço aberto mais abaixo.
— Katherine? — chamou.
A palavra ecoou de volta para ele no silêncio da Rotunda deserta.
Langdon apanhou o paletó de tweed do chão, tirou a poeira com as mãos e tornou a vesti-lo.
Verificou os bolsos. A chave de ferro que o Arquiteto lhe dera não estava mais ali.
Contornando de volta a passarela, foi em direção à abertura que Bellamy havia lhes mostrado...
Ali, uma escada de metal íngreme subia até um lugar apertado e escuro. Começou a galgar os degraus.
Foi subindo cada vez mais alto. Aos poucos, a escadaria se tornou mais estreita e mais inclinada.
Mesmo assim, Langdon seguiu em frente.
Só mais um pouquinho.
Os degraus ficaram tão verticais quanto os de uma escada de mão e a passagem,
assustadoramente exígua. Por fim, a subida terminou e Langdon pisou em um pequeno patamar. À sua
frente havia uma porta de metal pesada. A chave de ferro estava na fechadura, e a porta, um pouco
entreaberta. Ele a empurrou e ela se abriu com um rangido. O ar do outro lado era frio. Quando
Langdon cruzou a soleira para entrar na escuridão, percebeu que estava do lado de fora.
— Eu já ia descer para buscar você — disse-lhe Katherine com um sorriso. — Está quase na
hora.
Ao reconhecer que lugar era aquele, Langdon soltou um arquejo de espanto. Ele estava em pé
sobre uma minúscula plataforma que circundava o topo do domo do Capitólio. Logo acima dele, a
estátua de bronze Liberdade Armada fitava a capital adormecida. Ela estava voltada para o leste, onde
as primeiras tintas vermelhas da aurora haviam começado a pintar o horizonte.
Katherine guiou Langdon ao redor da plataforma até os dois ficarem de frente para o oeste,
perfeitamente alinhados com o National Mall, Ao longe, o contorno do Monumento a Washington se
erguia em meio à luz da aurora. Daquele ponto, o altíssimo obelisco parecia ainda mais impressionante
do que antes.
— Quando ele foi construído — sussurrou Katherine —, era a estrutura mais alta do planeta.
Langdon imaginou as antigas fotografias em sépia de pedreiros sobre andaimes suspensos a
mais de 150 metros do solo, assentando cada tijolo à mão, um a um.
Nós somos construtores, pensou ele. Somos criadores.
Desde o início dos tempos, o homem pressentia que havia nele algo especial... algo a mais. Ele
ansiava por poderes que não possuía. Havia sonhado em voar, em curar e em transformar seu mundo
de todas as formas possíveis.
E foi exatamente isso que fez.
Hoje, os santuários em homenagem aos feitos humanos enfeitavam o National Mall. Os museus
Smithsonian transbordavam de invenções e obras de arte, com ciência e ideias de grandes pensadores.