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Katherine sorriu e passou o braço em volta dele.
— Sabe, Robert, talvez eu consiga ajudar você com isso.
Na imensidão do Capitólio, o Arquiteto Bellamy andava por um corredor deserto.
Resta apenas uma coisa a fazer esta noite, pensou.
Quando chegou à sua sala, retirou da gaveta da escrivaninha uma chave bem antiga. Era de
ferro preto, longa e fina, com inscrições apagadas. Ele a pôs no bolso e se preparou para receber seus
convidados.
Robert Langdon e Katherine Solomon estavam a caminho do Capitólio. A pedido de Peter,
Bellamy daria aos dois uma oportunidade muito rara: a de ver o mais magnífico segredo daquele
prédio... algo que só podia ser revelado pelo Arquiteto.
CAPÍTULO 133
Bem acima do chão da Rotunda do Capitólio, Robert Langdon avançava com nervosismo pela
passarela circular situada logo abaixo do teto da cúpula. Ele espiou hesitante por sobre o parapeito,
tonto por causa da altura, ainda sem conseguir acreditar que menos de 10 horas atrás a mão de Peter
tinha surgido no meio do piso lá embaixo.
Agora, de onde Langdon estava, o Arquiteto do Capitólio não passava de um minúsculo
pontinho, movendo-se com passos firmes 55 metros abaixo e depois sumindo de vista. Bellamy havia
acompanhado Langdon e Katherine até aquela galeria, deixando-os lá em cima com instruções bem
específicas.
As instruções de Peter.
Langdon olhou para a velha chave de ferro que Bellamy lhe entregara, depois para a escadinha
estreita que subia daquele nível.., para outro mais alto ainda. Deus me ajude. Segundo o Arquiteto,
aqueles degraus apertados conduziam a uma pequena porta de metal que a chave de ferro
destrancava.
Do outro lado da porta havia algo que Peter queria que Langdon e Katherine vissem. Ele não
lhes dera detalhes, mas deixara instruções precisas com relação à hora exata em que a porta deveria
ser aberta. Precisamos esperar para abrir a porta? Por quê?
Langdon tornou a conferir o relógio e resmungou.
Enfiou a chave no bolso e correu os olhos pelo imenso vazio à sua frente até a outra ponta da
galeria. Katherine tinha seguido adiante sem medo, aparentemente insensível à altura. Ela já havia
cruzado metade da circunferência, admirando cada centímetro de A Apoteose de Washington, de
Brumidi, que pairava acima de suas cabeças. Daquela perspectiva rara, os personagens de 4,5m de
altura que enfeitavam os 433 metros quadrados do domo do Capitólio podiam ser vistos em um nível de
detalhe surpreendente.
Langdon se virou de costas para Katherine, encarou a parede curva e sussurrou bem baixinho:
— Katherine, aqui é sua consciência falando. Por que você abandonou Robert?
Katherine parecia já conhecer as espantosas propriedades acústicas da cúpula... pois a parede
sussurrou de volta.
— Porque Robert está sendo um medroso. Ele deveria vir até aqui comigo. Ainda temos muito
tempo antes de podermos abrir a porta.
Langdon sabia que ela estava certa e, com relutância, foi contornando a galeria, mantendo-se
grudado à parede o tempo todo.
— Este teto é absolutamente incrível — comentou Katherine maravilhada, com o pescoço
esticado para abarcar o imenso esplendor da Apoteose acima dela. — Deuses míticos misturados com
inventores e suas criações? E pensar que esta é a imagem no centro do nosso Capitólio.
Langdon voltou os olhos para cima na direção das gigantescas formas de Franklin, Fulton e
Morse ao lado de seus inventos tecnológicos. Um arco-íris brilhante se projetava a partir desses
personagens, guiando o olhar de Langdon para George Washington, que subia aos céus em cima de
uma nuvem. A grande promessa do homem que se torna Deus.
— É como se toda a essência dos Antigos Mistérios estivesse pairando sobre a Rotunda —
disse Katherine.
Langdon tinha de admitir que não havia muitos afrescos no mundo que fundiam invenções
científicas com deuses míticos e apoteose humana. A espetacular coleção de imagens do teto era de