Page 259 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
P. 259
fato uma mensagem dos Antigos Mistérios e estava ali por um motivo. Os pais fundadores tinham
imaginado os Estados Unidos como uma tela em branco, um campo fértil sobre o qual poderiam lançar
as sementes dos mistérios. Hoje, aquele ícone sublime — o pai da nação subindo aos céus — pairava
silenciosamente sobre os legisladores, líderes e presidentes do país... um lembrete arrojado, um mapa
para o futuro, a promessa de um tempo em que o homem iria evoluir rumo à maturidade espiritual
completa.
— Robert — sussurrou Katherine com os olhos ainda fixos nas enormes figuras dos grandes
inventores norte-americanos acompanhados por Minerva —, esse afresco é profético. Hoje em dia, as
invenções mais avançadas estão sendo usadas para estudar as ideias mais antigas. A noética pode ser
uma disciplina nova, mas é a ciência mais antiga do mundo: o estudo da mente humana. — Ela se virou
para Langdon, maravilhada. — E estamos aprendendo que os antigos compreendiam o pensamento de
modo mais profundo do que compreendemos hoje.
— Faz sentido — retrucou o professor. — A mente humana era a única tecnologia à disposição
dos antigos. Os primeiros filósofos a estudaram de forma incansável.
— Isso mesmo! Os textos antigos são obcecados pelo poder da mente humana. Os Vedas
descrevem o fluxo da energia mental. A Pistis Sophia fala sobre a consciência universal. O Zohar
explora a natureza da mente-espírito. Os textos xamanísticos predizem a “influência remota” de Einstein
em termos de cura a distância. Está tudo lá! E olhe que eu nem comecei a falar da Bíblia.
— Você também? — brincou Langdon. — Seu irmão tentou me convencer de que a Bíblia está
cheia de informações científicas cifradas.
— Mas está mesmo — disse ela. — E, se você não acredita em Peter, leia alguns dos textos
esotéricos de Newton sobre as Escrituras. Quando começar a entender as parábolas crípticas, Robert,
você vai perceber que a Bíblia é um estudo da mente humana.
Langdon encolheu os ombros.
— Acho que vou ter que ler tudo de novo.
— Deixe-me fazer uma pergunta — disse ela, obviamente sem apreciar seu ceticismo. —
Quando a Bíblia nos diz que devemos “construir nosso templo” e fazer isso “sem ferramentas e sem
ruído”, de que templo você acha que ela está falando?
— Bem, o texto diz que o nosso corpo é um templo.
— Sim, em Coríntios 3:16. Vós sois o templo de Deus. — Ela sorriu. — E o Evangelho segundo
João diz exatamente a mesma coisa. Robert, as Escrituras sabem muito bem o poder que existe latente
em nós, e nos incentivam a dominar esse poder... a construir os templos de nossas mentes.
— Infelizmente, acho que grande parte do mundo religioso está esperando que um templo de
verdade seja reconstruído. Isso faz parte da Profecia Messiânica.
— Sim, mas deixa de lado um ponto importante. O Segundo Advento é o do homem, o instante
em que a humanidade finalmente constrói o templo de sua mente.
— Não sei — disse Langdon, esfregando o queixo. — Não sou nenhum estudioso da Bíblia, mas
tenho quase certeza de que as Escrituras descrevem em detalhes um templo físico que precisa ser
construído. Segundo a descrição, a estrutura seria dividida em duas partes: um templo externo
chamado Santo e um santuário interno chamado Santo dos Santos. As duas partes estão separadas
uma da outra por um fino véu.
Katherine sorriu novamente.
— Bela memória bíblica para um cético. Aliás, você já viu um cérebro humano de verdade? Ele é
constituído por duas partes: uma externa, chamada dura-máter e outra interna, chamada pia-máter.
Essas duas partes são separadas pela membrana aracnoide, um véu de tecido que parece uma teia de
aranha.
Langdon inclinou a cabeça, surpreso.
Com delicadeza, ela ergueu a mão e tocou a têmpora de Langdon.
— Existe um motivo para temple, em inglês, significar tanto “têmpora” quanto “templo”, Robert.
Enquanto Langdon tentava processar o que Katherine acabara de dizer, lembrou-se
inesperadamente do Evangelho gnóstico segundo Maria: Onde a mente está, lá está o tesouro.
— Talvez você tenha ouvido falar — disse Katherine, baixando o tom de voz — nos exames de
ressonância magnética feitos em iogues meditando. Quando em estado avançado de concentração, o
cérebro humano produz, por meio da glândula pineal, uma substância parecida com cera. Essa
secreção cerebral não se parece com nenhuma outra substância do corpo. Ela tem um efeito
incrivelmente curativo, é capaz de regenerar células e talvez seja um dos motivos por trás da
longevidade dos iogues. Isso é ciência, Robert. Essa substância tem propriedades inconcebíveis e só
pode ser criada por uma mente em estado de profunda concentração.
— Eu me lembro de ter lido sobre isso alguns anos atrás.