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CERVEJA S ESPECIAIS
Cervejas com frutas
(e as Catharina Sours)
Rosária Penz Pacheco
Não muito diferente de outros mercados e, posso dizer, dos costumes cerveja: a Catharina Sour. De acordo com este grupo de pessoas, trata-
brasileiros em geral, as escolhas do produtor e consumidor de cervejas do se de um estilo similar a uma Berliner Weisse, mas com ABV um pouco
nosso país seguem tendências do que acontece no mundo. Mesmo porque mais elevado, aproximando-se a 5% e utilização de frutas tropicais. Há
somos um país muito jovem quando se trata de produção de cerveja artesanal quem não concorde com o registro deste novo estilo, mas sem dúvida
e ainda estamos criando nossa própria identidade. As cervejarias históricas ele caiu no gosto geral do público.
que existiram, principalmente no Sul do Brasil, produziam essencialmente
cervejas tradicionais alemãs, onde os ingredientes eram apenas água, malte,
lúpulo e levedura, sem muito espaço para invenções.
Entretanto, na mesma Alemanha, mais especificamente em Berlim, existe
um estilo de Weiss Bier um pouco diferente: a Berliner Weisse. Esta cer-
veja tem a cervejaria Kindl como praticamente única produtora do estilo
e, diferentemente do que se pode pensar, este estilo não é muito bebido
em Berlin. Na verdade, é bastante difícil encontrar alemães bebendo esta
cerveja, que em geral é procurada por turistas. Mas por que estou falando
da Berliner Weisse? Porque ela é uma cerveja ácida, com pH em torno de
3,5 em função da acidez láctica que ela possui, ABV em torno de 3% e
baixíssimo amargor. É uma cerveja de trigo, como indica o nome, mas com
corpo muito baixo. Para facilitar o consumo dos desavisados da sua acidez,
constuma-se colocar xaropes sabor maçã verde, framboesa, entre outros,
para adoçar a bebida.
A Bélgica produz suas cervejas com frutas há muito tempo. Historica-
Voltando ao Brasil: como estamos na onda das cervejas sours (ácidas), o mente, a cerveja era fermentada naturalmente, de forma aberta, sendo
estilo Berliner Weisse foi facilmente incorporado pelos beer geeks, principal- assim, os fungos e as bactérias do meio ambiente (terroir) e também
mente por ser, ao mesmo tempo, exótica e fácil de beber. Entretanto, como das frutas possibilitavam a fermentação da bebida. Marcas com a Boon,
somos um país tropical, por que não adicionar nossas frutas a esta cerveja? tem na sua Kriek (cereja em Flamengo) um ícone que na receita vai um
Aprendemos com a tradicional e aclamada Escola Belga que, adicionar a quarto de cerejas frescas para cada litro de mosto.
fruta ao processo de produção ela pode trazer muitos benefícios e resultados
interessantes. Se adicionarmos frutas na mosturação (cozimento do malte Por aqui, continuamos nos inspirando em outras escolas. Quem sabe,
com água e lúpulo), geramos açucares fermentáveis. Adicionando na fermen- num futuro próximo, surge a Escola Brasileira de fazer cerveja?
tação e maturação (temperaturas
mais baixas), trazemos aromas, rosariapp@hotmail.com
sabores e também mais acidez. E
fazendo estas “brincadeiras”, um
pessoal em Santa Catarina criou
(pode ser lido com aspas por al-
gumas pessoas) um novo estilo de
Goiabinha Concurso Sul Brasileiro de cervejas caseiras onde ganhou uma
Suricato Ales Catharina Sour com caju
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