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FRAGMENTA HISTORICA                     Cristóvão Mendes de Carvalho  ‐ História de um alto
                                                            magistrado quinhentista e de sua família

             capela  de  Santa  Cristina,  no  padroado  do   faleceu a 16.10.1676 na sua vila da Trofa ,
                                                                                         710
             mosteiro  de  Santa  Clara  de  Trancoso,  etc.   D.  Jerónima  de  Lemos  sucedeu-lhe  nos
             Sucedeu  também  nas  casas  de  Tentúgal,   morgadios  e  bens  livres  da  Casa  da  Trofa
             onde viveu em solteiro e pelo menos de 1645   e iniciou uma demanda legal com a Coroa
             a 1647. Antes e depois viveu na vila da Trofa   para  suceder  nos  respectivos  senhorios,
             (Águeda) e na quintã de Vila Maior , onde   processo que se arrastou 21 anos, chegou
                                         703
             faleceu.  Pouco  antes  de  seu  meio-irmão   a envolver o duque de Aveiro, que também
             morrer,  mas  já  seu  presuntivo  sucessor,   intentou  obter  esses  senhorios,  e  só
             teria ele cerca de 61 anos e ela cerca de 23   acabou  a  2.5.1690,  com  sentença  a  favor
             anos de idade, casou a 14.1.1636 na cidade   da Coroa.   D.  Jerónima,  apresentando-se
                                                                 711
             do  Porto  (Victória) ,  no  oratório  da  casa   com sucessora de seu irmão nos morgadios
                            704
             do Patim , com D. Jerónima de Lemos ,       e  bens  livres,  defendia  que  devia  também
                                             706
                    705
             n. cerca de 1613 em Cambra (Vouzela)  e     suceder nos senhorios por direito próprio,
                                            707
             fal. viúva, teria 78 anos, a 5.2.1691 na dita   por considerar que estes senhorios não
             quintã  de  Vila  Maior,  com  testamento.    estavam  sujeitos  à  Lei  Mental,  pois  fora
                                              708
             Quando  o  irmão  João  Gomes  de  Lemos    dado aos seus antepassados o direito de
                                              709
                                                         os vender e escambar, como bem próprio,
           703   A  25.10.1655  sua  mulher  foi  aí  madrinha,  sendo   coisa que não tinha qualquer fundamento,
           referida  como  "donna  hieronnima  de  Lemos  ora   como  bem  se  verifica  nas  doações  e
           moradora nesta Villa maior".
           704  ADPRT, Paroquiais do Porto. Diz o assento: “Aos 14 de   confirmações  destes  senhorios,  transcritas
           jan  de 1636 Recebi por palavras de presente na forma   em  ANEXOS.  A  sentença  foi  dada  sendo
             ro
           do sagrado Conclº em Casa de Dº Gomes de Lemos a   seu  filho  Bernardo  de  Carvalho  de  Lemos
           Dona  Jeronima  sua  fª  com  Jeronimo  de  Carvalho  de   autor e procurador da mãe D. Jerónima de
           Vasconcellos da Vila da Trofa veio Jº Gomes per qtº pª
           tudo me mostraram (…) dos sñs do Cabido testemunhas   Lemos. Alguns anos depois, a 28.5.1699, o
           q presentes estavam Dº Gomes de Lemos e sua mulher   rei D. Pedro II fez mercê ao dito Bernardo de
           e outra mtª gente = Antº Bernardes”.          todos os senhorios e bens da Coroa da Casa
           705  Casa do senhor da Trofa Diogo Gomes de Lemos, que
           a teve por sua 1ª mulher.                     da Trofa, como tinha seu tio, não já de juro
           706  D. António Caetano de Sousa, “História Genealógica   e herdade mas apenas em duas vidas. D.
           da Casa Real Portuguesa“,  1748,  Livro  XIV,  Tomo  XII,   Jerónima e seu irmão João Gomes de Lemos
           Parte II, Capítulo IV, §1, p. 30.             eram  filhos  de  Diogo  Gomes  de  Lemos ,
                                                                                         712
           707  Segundo a inquirição  de genere  para  familiar  do
           Santo  Ofício  de  um  seu  neto,  era  natural  de  Cambra   n. cerca de 1575 e fal. a 25.7.1651 na sua
           (onde seu pai tinha a quintã da Torre). Os assentos de
           baptismo desta freguesia só começam em 1624.  TT, Liv. 8, fól. 145). Antes deu-lhe, pelo seu casamento,
           708  ADVIS, Paroquiais de Vila Maior. Diz o seu óbito: "Aos   as comendas da Ordem de Cristo paternas com uma
           sinco dias do mes frº de mil e seis e noventa e hu anos,   pensão de 20.000 réis (25.3.1651 – ANTT, RGM, Ordens
           faleceo nesta frgª Donna Heronima Dona vª, seo filho   militares, Liv. 3, fól. 270v).
           Bernardo  de  Carvalho  seo  herdeiro  e  testamenteiro  e   710  ADAVR, Paroquiais da Trofa (Águeda).
           obrigado ao Bem de sua alma; fez seo testam  solene,   711  ANTT, Núcleo Antigo, 236.
                                         to
           de q fiz este asento q asinei dia, mes, era ut supra = o   712  Teve um irmão mais velho, João Gomes de Lemos,
           Abb  Luiz Dias de Miranda". À margem tem averbado:   que esteve com seu pai em Alcácer Quibir, onde ficou
             e
           “fez testam . Donna Heronima. fez o p  offº. fez 2º 3º.   cativo,  sendo  remido.  Este  João  Gomes  de  Lemos
                  to
                                     ro
           sepultada no carnejro”.                    foi  comendador  de  uma  das  comendas  de  Tânger  na
           709   João  Gomes  de  Lemos  nasceu  cerca  de  1612,   Ordem de Cristo e serviu nesta praça com D. Duarte
           certamente na Trofa (pois era daí a sua ama, falecido a   de Menezes. Faleceu antes de seu pai, a 26.5.1615, em
           13.1.1660, ib) e foi jesuíta, abandonando a vida religiosa   São  Miguel  de  Aveiro,  sem  geração,  com  testamento,
           quando  ficou  sucessor  legítimo,  por  casamento  de   deixando viúva D. Teresa de Andrade, filha de Miguel de
           seus pais. Teria 38 anos quando, ainda em vida de seu   Cabedo e sua mulher D. Leonor de Vasconcellos. João
           pai mas já chamado morgado da Trofa no assento de   Gomes e Diogo Gomes, além de várias irmãs, freiras em
           casamento, casou a 9.9.1650 na vila do Botão (Coimbra)   Arouca, foram ainda irmãos de Jerónimo de Lemos, que
           com  D.  Maria  Madalena  de  Castro  e  Mello,  filha  dos   tinha o foro fidalgo cavaleiro da Casa Real com 2.700
           morgados  do  Botão,  sem  geração.  Por  morte  de  seu   reais de moradia quando embarcou na nau Chagas da
           pai, D. João IV confirmou-lhe os senhorios a 22.8.1652   Armada  da  Índia  de  1576  (Vide  “Ementa  da  Casa  da
           (ANTT, Chancelaria de D. João IV, D., Liv. 7, fól. 57v - vide   Índia:  Manuscrito  da  Biblioteca  Central  da  Marinha”,
           transcrição desta carta em ANEXOS; e RGM, Doações da   2010, ob. cit., p. 101).
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