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FRAGMENTA HISTORICA                     Uma linhagem, duas Casas: em torno dos Ataídes e
                                                   das origens das Casas da Atouguia e da Castanheira
                                                                               (séculos XV‐XVI)
           directamente afectados pela extinção da Casa,   dos Riba-Douro , as armas dos Ataídes
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           ordenada por D. José I (1750-1777), no âmbito   encontravam-se, desde o século XV, ligadas à
           das conjuras dos marqueses de Távora e duques   tomada de Santarém , na qual teria participado
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           de Aveiro, então aparentados com o 11º conde   Martim Viegas de Ataíde, filho de Egas Moniz,
           de Atouguia . Tal acontecimento afectou    aio do monarca D. Afonso Henriques (r. 1128-
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           directamente a documentação disponível para   1185). O apelido da linhagem derivava da torre
           historiar a evolução da Casa de Atouguia nos   e quinta de Ataíde, na freguesia de São Pedro
           séculos XV e XVI. Facto contrário registou-  de Ataíde, no actual conselho de Amarante ,
                                                                                          25
           se  relativamente  à  Casa  da  Castanheira.   onde tinham recebido as primeiras doações.
           A documentação para esta no século XVI     A maior ligação dos Ataídes à corte régia
           encontra-se disponível na Torre do Tombo   registou-se posteriormente quando, nos
           no  fundo  relativo  a  esta  Casa.  Esta  situação   reinados  de  D.  Sancho  II  (r.  1223-1248)  e  de
           explica a razão de ao longo deste trabalho   D. Afonso III (r. 1248-1279), o representante
           muitas das questões relacionadas com a Casa   da  linhagem foi nomeado mordomo-mor de
           de Atouguia terem de ser necessariamente   ambos os monarcas, tendo a maioria dos
           colocadas mais como hipóteses de trabalho do   Ataídes, no âmbito da guerra civil de 1245-
           que como certezas. Ainda assim, a comparação   1248,  apoiado  o  partido  do  Bolonhês . Já
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           com a evolução da Casa da Castanheira parece-  durante  o  reinado  de  D.  Afonso  IV  (r.  1325-
           nos fortalecer os argumentos defendidos em   1357),  a  influência  da  linhagem  cresceu  na
           relação à Casa de Atouguia.                sombra dos Teles, a ponto de, no reinado de D.
                                                      Fernando (r. 1367-1383) serem protegidos da
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           1. Origens de uma linhagem (Século XII-1402)  rainha D. Leonor Teles  (1350-1386) e estarem
                                                      em  condições  de  consolidar  a  sua  ascensão
           Quando,  no  último  quartel  do  século  XVI,  D.   social, a par com a linhagem dos Coutinhos .
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           João Ribeiro Gaio  escrevia os versos iniciais,
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           com o intuito de elogiar a ascendência de D.   Era então representante da linhagem Martim
           Luís de Ataíde, nomeado por D. Sebastião como   Gonçalves  de  Ataíde,  quarto  neto  de  Martim
           vice-rei  da  Índia  em  duas  ocasiões  distintas   Viegas de Ataíde e figura destacada do reinado
           (1568-1571; 1578-1581), general indigitado   fernandino. Bisneto de Gonçalo Viegas que,
           para  a  expedição  a  Marrocos  e  3º  conde   em 1290, possuía a Quinta do Pinheiro, na
           restaurado de Atouguia, em 1577, pretendia
           dessa forma captar a atenção para o facto
           da carreira de sucesso de D. Luís ter ficado a   23  Assim o referem João Bernardo Galvão-Telles, Miguel
           dever muito à Casa de onde este provinha.   Metelo de Seixas, “Em redor das armas dos Ataídes:
           Na realidade, à data da sua escrita, a Casa da   problemática  da  “família  heráldica”  das  bandas”,
                                                      separata Armas e  Troféus,  IX  série, Janeiro-Dezembro
           Atouguia e a linhagem dos Ataídes eram, de   de 2008, p. 61, apesar da opinião contrária de D. Luiz
           facto, conceituadas e antigas. Embora a Casa   Lencastre e Távora, Dicionário das famílias portuguesas,
           só  tivesse  nascido  no  século  XV,  a  linhagem   Lisboa, Quetzal Editores, 1989, p. 85 e de José Augusto
           remontava ao período da fundação do Reino.   de Sotto Mayor Pizarro, “Os de Ataíde. De Santa Cruz
                                                      do Tâmega à Corte Régia (Séculos XII a XV)”, separata
           Pela sua ligação à influente nobreza medieval   Armas e Troféus, IX série, Janeiro-Dezembro de 2008,
                                                      p. 32.
                                                      24  Cf. João Bernardo Galvão-Telles, Miguel Metelo de
                                                      Seixas, “Em redor…”, p. 91.
           21  Cf. Nuno Gonçalo Monteiro, D. José. Na Sombra de   25  Cf. António Machado Faria, Op. Cit., p. 64.
           Pombal,  Mem  Martins,  Círculo  de  Leitores,  2006,  pp.   26   Cf.    José  Augusto  de  Sotto  Mayor  Pizarro,  “Os  de
           108-133.                                   Ataíde…”, pp. 36-37.
           22   Bispo  de  Malaca  entre  1578  e 1601, deverá   27  Cf. Rita Costa Gomes, A Corte dos Reis de Portugal no
           ter conhecido D. Luís de Ataíde aquando do seu   final da Idade Média, s.l., Difel, 1995, p. 92-93.
           segundo governo asiático e sido um adepto da acção   28  Cf. Mafalda Soares da Cunha, “A nobreza portuguesa
           reformadora seguida pelo vice-rei, razão pela qual, em   no  início  do  século  XV:  renovação  e  continuidade”,
           data não referida por António Machado de Faria (Cf. Op.   Revista Portuguesa de História, vol. XXXI-2, 1996, p.
           Cit.), deverá ter composto a referida quintanilha.  224.


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